Naveguei num arrastão de Aveiro e dormi no beliche de pescador; mantive-me 16 horas a bordo da traineira do mestre Vítor Santos enquanto a tripulação largava e recolhia redes; desci ao espaço apertado de um submarino; visitei o cofre da Polícia Judiciária onde é guardada a droga apreendida; conheci um velho que passou mais de metade da vida na cadeia e outro que, no Torrão, falava sempre em verso; revelaram-me identidades reencarnadas; cantei num estúdio de gravação discográfica; dormi no carro à espera de filmar o nascer do sol; já marquei encontros com desconhecidos em locais igualmente desconhecidos, só revelados nos últimos minutos. Satisfazer a curiosidade faz-me feliz e ser jornalista é ser um curioso crónico.