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Santa Casa: antigo provedor responsável pela internacionalização garante saber o circuito de dinheiro

A decisão de internacionalizar a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa foi do antigo provador, Edmundo Martinho. Nomeou três gerentes para os negócios no Brasil que, em entrevista exclusiva à SIC, questionam o facto de a administração não lhes ter pedido esclarecimentos.

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A responsabilidade da internacionalização foi do antigo provedor, que nomeou três gerentes para os negócios do Brasil. Um deles demitiu-se das empresas pouco depois da posse de Ana Jorge, os outros dois continuaram em funções, mas com poderes limitados. Em entrevista exclusiva, dizem ter sabido da auditoria e questionam o facto de a administração não lhes ter pedido esclarecimentos antes dessa decisão.

A gestão de Edmundo Martinho foi posta em causa mal Ana Jorge chegou ao cargo de provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Perante os gastos na expansão dos jogos para o Brasil e a forma como o negócio estava a decorrer, manifestou preocupação junto do Ministério do Trabalho e Segurança Social.

Na altura, a ministra Ana Mendes Godinho decidiu avançar com uma auditoria, sem ouvir o principal responsável por levar os jogos para fora do país, o antigo provedor.

"Alguém pode achar normal que eu venho-me embora no final de abril, avançam com o processo. Nem sequer me disseram que iam fazer a auditoria. Não. Nada. Nada. Nada. Zero. Contacto zero. Isto não é normal", diz Edmundo Martinho, ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Edmundo Martinho acabou por ser chamado pelos auditores, mas diz não lhe foram feitas perguntas sobre ilícitos ou irregularidades na investigação às contas e aos procedimentos do negócios.

"Fui ouvido pela empresa auditora, que não me fez nenhuma questão sobre isso, não me colocou nenhuma questão sobre qualquer dúvida que pudessem ter. Nunca, como digo, foi questionado a esse propósito. E o que há, é desde o início, aparentemente, uma conclusão da auditoria que estava tomada ainda antes da auditoria começar", acrescenta o ex-responsável.

Um dos gestores no Brasil garantiu à SIC não ter sido questionado sobre eventuais crimes ou irregularidades. Isto apesar de a administração da Santa Casa ter enviado o caso para o Ministério Público e o ter destituído compulsivamente, ao mesmo tempo que Ricardo Gonçalves, outro dos responsáveis pela empresa no Brasil. Diz que por desgaste da situação estava de baixa quando foi chamado a primeira vez pelos auditores da BDO. E quando o contactaram pela segunda vez acabou por não ir.

"Querem-me colocar uma questão depois de me terem destituído com base supostamente num relatório preliminar que foi achado pela BDO. Portanto, como é óbvio, aquilo que eu respondi à BDO foi que não ia responder a uma pseudo inquirição, ainda para mais porque pelo que aquilo que eu sei que aconteceu, as pessoas eram ouvidas, mas ninguém assinou atas de declarações, simplesmente eram ouvidas", refere Ricardo Gonçalves, ex-gestor da Santa Casa do Brasil, em exclusivo à SIC.

Uma das críticas dos responsáveis pelos negócios dos jogos no Brasil à administração de Ana Jorge prende-se com o facto de ter havido uma participação à justiça antes de uma conclusão final da auditoria.

"(...) ainda antes de começar o processo de auditoria, se se recordar, a provedora e a ministra tiveram oportunidade de dizer publicamente e falar publicamente de irregularidades, sem manifestar nunca o que era", afirma Edmundo Martinho.

Questionado se está em condições de afirmar qual foi o circuito do dinheiro que saiu da Santa Casa, Edmundo Martinho responde afirmativamente.

"Tudo isso está mais do que documentado. Tudo", garante.

O relatório final da auditoria, que foi sucessivamente adiado, terá sido entregue pela empresa já depois da demissão com efeitos imediatos da administração da provedora Ana Jorge, que pôs fim aos negócios da internacionalização dos jogos.

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