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Ana Jorge quebra silêncio sobre exoneração comunicada de "forma rude, sobranceira e caluniosa"

Numa comunicação, em jeito de despedida, aos colaboradores da Santa Casa da Misericórdia, Ana Jorge manifesta “surpresa” pela decisão do Governo e não poupa nos adjetivos à forma como foi comunicada pelo Ministério do Trabalho. A “verdade”, diz, chegará “a seu tempo e em sede própria”.

Ana Jorge, ex-ministra da Saúde.
Ana Jorge, ex-ministra da Saúde.
Lusa

O Governo não poupou nas críticas à atuação da Mesa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e, esta terça-feira, Ana Jorge respondeu (à letra) numa curta comunicação dirigida aos colaboradores da SCML, a que a SIC teve acesso.

Começando por confessar que foi com “surpresa” que soube da sua exoneração do cargo de provedora, a antiga ministra assegura que foi uma “honra” apesar de terem sido “11 meses muito duros, em que claramente, avançámos rumo à sustenabilidade financeira, (…) e mais importante, no compromisso social que assumimos com milhares de pessoas”.

É, prossegue, precisamente “pelo trabalho desenvolvido em tão pouco tempo e pelo plano de reestruturação sólida que desenhámos e queríamos implementar” que Ana Jorge desabafa que não se sente "triste".

Ainda assim não deixa de criticar e de manifestar desilusão pela “forma rude, sobranceira e caluniosa” com que o Ministério do Trabalho justifica a sua exoneração.

“Sempre achei e hoje mais do que nunca, que em plítica, tal como na vida, não vale tudo. Mas, enfim, a seu tempo e em sede própria, contarei a minha verdade, que é a verdade de quem serviu a SCML com a mesma entrega e espírito de missão com que desempenhi as várias funções públicas e cóvicas ao longo da minha vida”, lê-se na comunicação a que a SIC teve acesso.

A concluir, e dirigindo-se diretamente aos colaboradores da Santa Casa, Ana Jorge apela a que “por favor, não desistam da SCML, que necessita de cada um de Vós para cumprir a suaação junto dos mais vulneráveis”.

"Atuações gravemente negligentes"

No despacho publicado, esta terça-feira, em Diário da República assinado pelo primeiro-ministro Luís Montenegro e pela ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Ramalho, é comunicado que toda a atual equipa de gestão da SCML termina as funções a partir desta terça-feira, 30 de abril.

O Governo justifica o afastamento da provedora e dos elementos da Mesa com "atuações gravemente negligentes que afetam a gestão da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa".

Entre as várias falhas elencadas, o Executivo destaca a falta "um plano de reestruturação financeira, tendo em conta o desequilíbrio de contas entre a estrutura corrente e de capital" e que Ana Jorge não conseguiu apresentar esse plano "desde que tomou posse até agora".

A antiga ministra tomou posse a 2 de maio de 2023, tendo sido escolhida pelo anterior Governo socialista de António Costa, e herdou uma instituição com graves dificuldades financeiras, depois dos anos de pandemia e de um processo de internacionalização dos jogos sociais, levado a cabo pela administração do provedor Edmundo Martinho, que poderá ter causado prejuízos na ordem dos 50 milhões de euros.

Mas, no despacho publicado esta terça-feira, o Governo refere que a atual administração da SCML não deu "informações essenciais ao exercício da tutela", nomeadamente o relatório e contas do ano de 2023, "mesmo que em versão provisória", e sobre a execução orçamental dos primeiros três meses de 2024.

Acusa também Ana Jorge de "ausência de resposta [a] todos os pedidos de informação até agora solicitados".

As acusações feitas à provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa estendem-se aos elementos que compõe a Mesa, no caso três vogais e a vice-provedora, que, no caso desta última, é exonerada a seu pedido.

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