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Santa Casa em crise: negócios no Brasil, gastos milionários e 6 milhões exigidos por incumprimento

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa tem estado sob fogo cruzado depois de ter caído numa crise financeira sem precedentes. Há um ano, Ana Jorge foi escolhida pelo Governo para arrumar a casa. Assim que assumiu o cargo, a provedora, agora exonerada, expôs decisões nebulosas da anterior gestão.

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Num orçamento anual que ultrapassa os 200 milhões de euros, 80% do dinheiro que entra na Santa Casa vem dos jogos sociais. No passado, o Euromilhões, o Placard ou as Raspadinhas travaram momentos de crise. Mas quando as apostas online passaram a fazer concorrência e a pandemia abalou as receitas, o dinheiro começou a faltar. Como forma de melhorar a situação financeira da instituição, há quatro anos, o provedor Edmundo Martinho apostou em levar o modelo de negócio para fora do país.

À frente do Ministério do Trabalho e Segurança Social estava na altura Ana Mendes Godinho, que aprovou a estratégia mas impôs condições. Durante o processo de internacionalização dos jogos, sai o provedor e entra a provedora Ana Jorge, que de imediato apresenta um relatório sobre as contas. A sustentabilidade da Santa Casa estava em risco e as apostas no estrangeiro tinham de ser reavaliadas. Foi esta a razão que terá levado Ana Mendes Godinho a pedir uma auditoria aos negócios para explorar os jogos fora do país.

O Ministério nega, no entanto, ter tido conhecimento dos milhões gastos no Brasil.

Na falta de contactos diretos, bastaria, pelo menos, consultar os orçamentos da instituição, que são públicos, para se perceber os valores que estavam envolvidos nas operações fora do país. Além dos primeiros 30 milhões, em 2022 estavam previstos ainda mais 9,5 milhões de euros para o negócio no estrangeiro.

Para evitar mais gastos, Ana Jorge decidiu pôr um ponto final na exploração de jogos no Brasil. Mas agora, o organismo responsável pela gestão das lotarias no Rio de Janeiro exige que a Santa Casa pague mais de 6 milhões por não ter cumprido as obrigações.

Alegando um desastre financeiro no estrangeiro, a administração que foi agora exonerada afastou administradores, viu a vice-provedora abandonar o cargo por não concordar com decisões tomadas e é acusada pelo Governo de ter tido atuações gravemente negligentes.

No entra e sai de Governos e Provedores, a instituição que gere dinheiros públicos dos jogos, e foi construída para dar respostas sociais a quem mais precisa, necessita agora também de quem lhe preste assistência.

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