As reparações pela história colonial estão no centro do debate de muitos países e em Portugal o tema já foi lançado nas comemorações do 25 de abril de 2023, mas Marcelo Rebelo de Sousa decidiu voltar ao tema.
Isabel Pires de Lima, antiga ministra da Cultura, considera "natural" e "útil" fazer-se esta discussão, mas pede que aconteça "de forma ponderada". Na opinião da antiga governante, o Presidente da República devia ter escolhido um tempo e modo mais conveniente, "porque estamos a comemorar 50 anos do 25 de abril, o que significa que estamos a comemorar também a descolonização".
Isabel Pires de Lima espera que a discussão não se faça com base nos valores da atualidade, porque "olhar para o passado com os olhos do século XXI gera imensos equívocos".
"Não é possível negar a história, mas há uma componente extremamente vanguardista no tempo da colonização que mostra que estávamos na vanguarda da ciência" e isso tem de ser considerado positivo. Mas "os portugueses têm uma visão que está longe de ser objetiva da colonização. Está longe de ser uma visão com rigor histórico".
Para a antiga Ministra da Cultura, a reação de André Ventura no Parlamento vem mostrar que mais do que querer esclarecer, o presidente do Chega tem o único objetivo de "servir o seu projeto populista" e "contribuiu para um maior afrontamento dos portugueses".
A utilização da expressão "traidor à pátria" dirigida ao Presidente da República também é vista como "muito grave".