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Parkinson: criado dispositivo que simula alucinações e pode ajudar no diagnóstico precoce da doença

Pacientes com doença de Parkinson apresentam frequentemente um distúrbio designado por alucinação de presença. Com base nesse sintoma, cientistas estão a desenvolver estratégias que visam ajudar a diagnosticar e monitorizar doentes que sofrem desta patologia neurodegenerativa.

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Investigadores criaram na Suíça um dispositivo robótico que simula alucinações, à semelhança do que acontece frequentemente com os doentes de Parkinson que apresentam um distúrbio designado por alucinação de presença. Com este aparelho que combina realidade virtual e robótica, os cientistas esperam conseguir diagnosticar a doença mais cedo e monitorizar pacientes em risco de declínio cognitivo.

"A alucinação de presença é a sensação estranha de que se tem alguém atrás ou por perto, quando na verdade não há ninguém", começa por explicar à agência Reuters Louis Philippe Albert, aluno de doutoramento da equipa responsável pelo projeto da Ecole Polytechnique Federale de Lausanne (EPFL).

Os pacientes que sofrem alucinações tendem a sobrestimar o número de pessoas numa sala. Usando uma combinação de realidade virtual e robótica, a equipa da EPFL desenvolveu um dispositivo que pode simular o efeito dessas alucinações e contar as pessoas em excesso.

A pesquisa envolveu 170 pacientes com Parkinson, 69 dos quais tiveram alucinações de presença. Os investigadores dizem que os resultados indicam que os pacientes com alucinações de presença sobrestimam mais as contagens do que aqueles sem alucinações.

Atualmente não há cura para a doença de Parkinson, que afeta mais de 10 milhões de pessoas em todo o mundo. A doença causa danos cerebrais progressivos. Os sintomas mais comuns são tremores e rigidez, também é observada demência em alguns pacientes.

Os investigadores esperam que a abordagem inovadora possa ajudar a diagnosticar e monitorizar pacientes em risco de declínio cognitivo.

“Podemos detetar a demência ou alucinações na doença de Parkinson 10 anos, 20 anos antes de a doença se manifestar. Assim seria possível colaborar e capacitar terapias modificadoras da doença que esperam prolongar o início da doença em 10, 20, 30 ou mais anos. Não é possível curar a doença, mas previne ou espera-se que a doença de Parkinson só apareça aos 100 ou 110 anos de idade. É uma cura relativa neste sentido”, revela à Reuters Olaf Blanke, professor responsável pelo Laboratório de Neurociência Cognitiva da EPFL.

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