Saúde e Bem-estar

Parkinson: jovem apaixonado por robótica cria colher inteligente que reduz tremores

Um jovem prodígio de 17 anos, da Índia, criou uma colher que utiliza sensores para anular os tremores das mãos. Foi inspirado pelo tio, que sofre da doença de Parkinson, e o utensílio poderá começar a ser produzido em breve.

Parkinson: jovem apaixonado por robótica cria colher inteligente que reduz tremores
Reprodução/Aarrav Anil

Aarrav Anil, um jovem indiano de 17 anos, criou uma colher inteligente para pessoas que sofram de tremores nas mãos. A sua maior inspiração para criar este utensílio foi o seu tio, Arjun.

A motivação de Aarrav Anil para a sua invenção surgiu no ano passado, quando viu o seu tio Arjun, que sofre da doença de Parkinson, a lutar para comer.

Segundo o artigo do jornal The Guardian, “a visão dos tremores do seu tio a abanar a colher de forma tão violenta inspirou Aarrav, 17 anos, de Bengaluru, no sul da Índia, a encaminhar os seus estudos para a robótica. Fechou-se no seu quarto com microcontroladores, sensores, motores e uma impressora 3D".

O resultado foi um protótipo de uma colher inteligente que está agora a ser testada no RV College of Physiotherapy em Bengaluru. Os sensores da colher a pilhas detetam os tremores de um lado e ativam o movimento do outro, anulando eficazmente as vibrações, de forma a manter a colher estável.

"Tenho vindo a aperfeiçoar o design com base nas reações da faculdade - tem de ser à prova de água para poder ser lavada sem danificar todos os componentes eletrónicos no seu interior; tem de ser amovível para poder ser limpa e substituída por um garfo; e a colher tem de ser mais funda para conter mais comida", diz Aarrav.

O seu tio também testou a colher, aconselhando Aarrav sobre a pega que era “demasiado escorregadia” e pouco firme.

Para Aarrav, este é o culminar de um interesse de 10 anos por mecânica, que começou quando a sua mãe lhe comprou um conjunto da marca Lego. Atualmente, o jovem já representou a Índia em mais de 20 competições de robótica em todo o mundo.

Quando o projeto da colher inteligente ganhou o primeiro prémio na categoria de futuros inovadores na Olimpíada Mundial de Robôs do ano passado, na Alemanha, Aarrav sentiu-se encorajado a fazer o protótipo.

"Foi frustrante não conseguir encontrar as pequenas peças eletrónicas de que precisava aqui na Índia. Tive de encomendar algumas da China, mas demoraram imenso tempo a chegar", conta.

Estima-se que mais de 7 milhões de pessoas na Índia sofram da doença de Parkinson, uma doença em que partes do cérebro ficam progressivamente danificadas e que afeta principalmente pessoas com mais de 50 anos. Os sintomas incluem tremores involuntários e rigidez muscular. À medida que o estado da doença avança, a alimentação pode tornar-se mais difícil, obrigando as pessoas a recorrer à ajuda de terceiros.

A colher inteligente não é completamente original. Algumas empresas americanas vendem algo semelhante, mas custam mais de 200 dólares (164 libras). Sabendo que é um preço insuportável para a maioria dos indianos, Aarrav calcula que a sua colher custará cerca de 80 dólares.

Os ensaios na faculdade e o processo de validação deverão estar concluídos no início de 2024 e os resultados serão publicados numa revista médica. Depois disso, Aarrav espera fabricá-la em pequena escala, inicialmente para hospitais.

Quando não está a estudar para os exames, Aarrav passa a maior parte do seu tempo livre a trabalhar nos seus planos. A sua ambição é que todas as famílias que tenham alguém com Parkinson tenham a colher inteligente.

Aarrav diz que as palavras do seu tio Arjun continuam a ecoar na sua mente: "Quem diria que uma coisa tão pequena poderia significar a diferença entre dignidade e indignidade?"

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