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Joana Guerra Tadeu: “Moderação perante a crise climática? É preciso atirar tinta e destruir a propriedade privada das empresas certas”

A ativista pela justiça climática Joana Guerra Tadeu dedica-se em exclusivo ao ambientalismo e a produzir conteúdos e ações de sensibilização sobre clima, sustentabilidade e direitos humanos. Na RTP3 apresentou “Verdes Anos” e, na Antena 3, conduziu o podcast “Ambientalista Imperfeita”, que é o cognome por que é conhecida nas redes sociais. Ouçam-na nesta primeira parte da conversa em podcast com Bernardo Mendonça

Há vários dias que um grupo de estudantes, ativistas da “Greve Climática Estudantil”, ocupa a Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa. Exigem um “cessar-fogo imediato” em Gaza e “o corte total de relações diplomáticas, políticas e financeiras com Israel”.

“Pelo fim ao genocídio e o fim ao fóssil”, reclamam, e anunciaram entretanto que estão ser preparadas ocupações noutras faculdades de Lisboa.

Nestes dias foi também notícia que um grupo de ativistas climáticos bloquearam a entrada do Banco de Portugal e que dois deles foram detidos.

De acordo com estes ativistas, esta foi mais uma acção de uma onda de protestos que dá pelo nome de ‘Primavera Estudantil Pelo Fim ao Fóssil’ e que promete continuar a interromper o normal funcionamento de várias instituições.

Este movimento de ocupação estudantil pró-Palestina foi inspirado nos protestos nos EUA e está a alargar-se por toda a Europa.

Nesta mesma semana soube-se que foram encontradas valas com cadáveres de pessoas sepultadas vivas em Gaza por militares israelitas. Peritos das Nações Unidas expressaram o seu horror perante esta descoberta.

Por cá os protestos começaram há muito. Arremesso de tinta verde a ministros, colagens de ativistas a aviões ou pinturas em sedes de grandes empresas: as ações climáticas têm-se multiplicado e aumentado o seu impacto.

Há quem olhe para estes jovens com condescendência, quem considere que se estejam a ultrapassar “linhas vermelhas” e quem defenda que estas ações pressionam uma inevitável e urgente “mudança política” perante a inacção governativa. Porque não há um planeta B. E os desastres ambientais sucedem-se. Veja-se a calamidade das cheias no Rio Grande do Sul, no Brasil.

Nesta conversa em podcast, a ativista pela justiça climática Joana Guerra Tadeu, mais conhecida nas redes sociais com o cognome “Ambientalista Imperfeita”, assume-se do lado dos jovens que têm feito as acções e ocupações em protesto pelo uso de combistíveis fósseis e pelo genocídio em Gaza e chega a afirmar:

“Frente ao estado tão feio do mundo, as ações dos ativistas climáticos são a coisa mais bonita do mundo neste momento. Acho mesmo que as pessoas que se dedicam de corpo e alma a estes protestos são as mais bonitas do mundo, com uma consciência política muito profunda e uma compreensão do que é o mundo e de como é que funciona o sistema em que nós todos vivemos, também muito profundo. Vejo como esta geração está profundamente informada e que percebe mesmo como é que as coisas funcionam e daí serem capazes de interseccionar estes dois temas, a defesa da Palestina e do Clima, e perceberem o que têm em comum.”

E mais disse sobre a mão pesada da acção policial sobre estes ativistas:

“Chocou-me a desproporcionalidade da resposta da polícia em relação ao protesto no Ministério do Ambiente. Houve um miúdo de 17 anos que levou uma cacetada da polícia na cabeça e teve que ir para o Hospital Maria Estefânia. Qual é a necessidade de haver três linhas de polícia de choque equipada com uma atitude absolutamente violenta em relação a estes 20 miúdos e miúdas?”

Joana Guerra Tadeu conta aqui como herdou dos pais a consciência política e ecológica. E que não se lembra de “não ser ativista”. Na verdade, atribui em particular a culpa à sua mãe, que pertenceu ao Partido “Os Verdes” e que lhe contou com orgulho que foi expulsa da Assembleia da República devido a um incidente com uma pomba branca.

Este episódio é relatado por si, com orgulho. Assim como o tempo em que a sua mãe a levava quando era pequenina ao ecocentro, num carro vermelho cheio de lixo até ao tejadilho, porque queria, à força toda, reciclar num país que ainda não sabia o que isso era. Será que já sabe? Joana responde.


Aqui ficamos a saber que Joana a dado momento do seu caminho abandonou a precariedade do jornalismo e que foi parar a um banco onde chefiou uma equipa de 15 pessoas aos 25 anos. “Nem me quero lembrar disso.”

Nesse entretanto casou, a sua mãe adoeceu, Joana entrou em depressão, tirou uma baixa a seguir a outra, e outra, e nunca mais voltou. Um ano e dois dias depois de casar, a sua mãe morreu. Três meses depois engravidou.

E, com a filha Aurora, renasceu. Inspirada pela maternidade criou o podcast “Puericooltura”, que foi o pontapé de saída na sua vida de influencer de impacto, como se auto designa. O que é uma influencer de impacto? É o que a Joana vai explicar neste podcast.

Como sabem, o genérico é assinado por Márcia e conta com a colaboração de Tomara. Os retratos são da autoria de Matilde Fieshi. E a sonoplastia deste podcast é de João Ribeiro.

A segunda parte deste episódio será lançada na manhã deste sábado. Boas escutas!

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