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Ana Jorge nega acusações da ministra do Trabalho e promete responder "com números"

Em entrevista à RTP na terça-feira, a ministra do Trabalho afirmou que a maioria dos trabalhadores na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) ganha o salário mínimo e que os vencimentos dos dirigentes são muito mais altos.

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Em resposta às acusações da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Ramalho, Ana Jorge negou ter retirado benefícios próprios quando era provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e que irá apresentar provas no Parlamento.

Em declarações aos jornalistas, à porta do Instituto Superior de Ciências Sociais e Politicas da Universidade de Lisboa, esta quarta-feira, Ana Jorge garantiu que "não houve nenhum aumento" para os elementos da Mesa da Santa Casa.

"Não há nada decidido em Mesa desde há vários anos e esta Mesa não se pronunciou sobre isso", declarou.

A provedora exonerada explicou que "decorre da administração pública a atualização automática de todos os gestores públicos". Por esse motivo, como os elementos da Mesa "são equiparados a gestores públicos", a atualização salarial, garantiu, não se tratou de uma decisão interna.

Questionada se existia um plano de reestruturação, Ama Jorge assegurou que foi e está a ser feito "uma reorganização" da Santa Casa, "quer do ponto de vista financeiro, quer do ponto de vista da reorganização que deve ser feita" na instituição.

"Temos um plano que vamos apresentar na Assembleia da República com os resultados, quer no aumento de receitas nas áreas em que é possível fazê-lo, noutros no que foram as reduções das despesas que a Santa Casa fez", explicou.

Acrescentou que o plano que diz ter preparado tem como objetivo de tornar a SCML "mais funcional, mas de forma a manter sempre a intervenção da Santa Casa na área da sua competência".

Sobre as acusações da ministra, atirou que "só pode responder com números o que é verdade e o que não é correto". Não deixou de frisar que, embora a sua "opinião política seja conhecida", nunca esteve no cargo por motivos políticos.

"Pode conhecer bem a casa para tirar essa conclusão?"

Em entrevista à Renascença, a provedora exonerada já tinha negado "profundamente" as declarações da ministra, dizendo que "é preciso justificar qual é o benefício próprio".

Ana Jorge questionou o real conhecimento de Maria do Rosário Ramalho acerca de "toda a atividade" da instituição: "Pode conhecer bem a casa para tirar essa conclusão?"

Sublinhou que o ano que esteve à frente da instituição "foi um ano duro, muito duro", e que fez "tudo para que a Santa Casa continuasse a ser a Santa Casa a bem das pessoas que tem apoiado".

Segundo a provedora exonerada, a administração tentou manter todas as atividades, conseguiu ter uma execução orçamental positiva, e "tentou encontrar soluções para os trabalhadores, melhorando principalmente aqueles que têm ordenados mais baixos".

Jorge explica que a SCML fez um acordo de empresa que a ministra considerou que não deveria ter sido realizado. Ana Jorge contou que, no primeiro encontro que teve com a ministra, esta lhe disse que "não o devia ter feito, mas também não havia problema porque podia ser anulado". "Isto foram palavras, portanto, isto diz tudo", vincou, afirmando que no parlamento dirá "mais coisas".

As acusações da ministra

Em entrevista à RTP na terça-feira, a ministra do Trabalho afirmou que a maioria dos trabalhadores na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) ganha o salário mínimo e que os vencimentos dos dirigentes são muito mais altos. "Os da Mesa até foram aumentados, estranhámos. (...) Beneficiaram-se a si próprios", criticou a ministra.

Na entrevista, Maria do Rosário Ramalho afirmou ter "uma fundamentação muito sólida" para a decisão de exonerar a provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), Ana Jorge, assim como a restante mesa (administração) da instituição.

"Já ouvi até que foi um saneamento político. Não foi nada", garantiu a ministra, que justificou a demissão de Ana Jorge "por razões de gestão", acusando-a de "total inação" face à situação de crise financeira que herdou da anterior administração, reiterando o que o Governo já havia alertado para a inexistência de um plano de reestruturação.

Ana Jorge tomou posse em 02 de maio de 2023, escolhida pelo anterior Governo socialista de António Costa, e herdou uma instituição com graves dificuldades financeiras, depois dos anos de pandemia e de um processo de internacionalização dos jogos sociais, levado a cabo pela administração do provedor Edmundo Martinho, que poderá ter causado prejuízos na ordem dos 50 milhões de euros.

Depois da sua exoneração, no dia 20 de abril, a provedora escreveu uma carta a todos os trabalhadores da SCML, na qual acusou o Governo de a ter exonerado de "forma rude, sobranceira e caluniosa" e que foi apanhada de surpresa.

Com Lusa

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