Consulta aberta

Um alerta sobre andarilhos e um pedido aos pais: parem de comparar bebés

Se compararmos 200 pessoas com o QI mais alto possível, umas começaram a andar aos nove meses e outras aos 18, e está tudo bem. Em relação aos andarilhos para bebés, ajudam mesmo? E será que são seguros? As respostas em mais uma Consulta Aberta, com a médica Margarida Graça Santos.

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É mais uma consulta de saúde infantil e leva o seu filho de 1 ano. Na creche disseram-lhe que já quase todos começaram a andar e que o seu é preguiçoso. Por isso, vem perguntar se vale a pena comprar um andarilho e como é que pode estimular a marcha.

Mas primeiro: não compare bebés. Os timings são diferentes e dois bebés igualmente saudáveis e inteligentes podem começar a andar em alturas completamente diferentes.

Em relação aos andarilhos - ou aranhas ou andadores - são aparelhos onde se senta ou coloca a criança e que lhe permitem movimentar-se de um lado para o outro, mesmo que ainda não saiba andar.

Mas ajudam mesmo? E são seguros?

Na verdade, não. Os andarilhos não fazem com que a criança ande mais rápido e podem até ser perigosos. Primeiro porque permitem que a criança chegue a sítios, como escadas, piscinas, janelas, lareiras e outros locais perigosos. Depois porque podem virar-se e o bebé pode cair.

Em termos motores, não há qualquer evidência de beneficio. Uma revisão de 2017 que juntou alguns estudos sobre o assunto mostra até que pode ter o efeito oposto ao desejado, atrasando a aquisição da marcha.

Para além disto, o andarilho acaba por ser uma maneira de saltar etapas, coisa que não queremos que aconteça em bebés pequenos. É importante respeitar os seus tempos e deixá-los passar por todas as fases de desenvolvimento motor, incluindo segurar a cabeça. rebolar, sentar-se, gatinhar e só depois começar a tentar ficar de pé com apoio e eventualmente andar.

É obvio que todos os investimentos que fazemos para os nossos filhos têm sempre o objetivo de ajudar e nunca de os prejudicar. Mas a evidência vai mudando e é bom estarmos atualizados e irmos desmistificando algumas ideias antigas.

Os bebés de hoje serão adultos no futuro e terão uma vida inteira de comparações e corridas para ver quem chega primeiro a determinadas notas, trabalhos ou o que for. Não deixe que os primeiros meses sejam uma corrida e, garantindo que está saudável e com desenvolvimento psicomotor adequado, observe e deixe que seja ele a decidir quando começa a andar.

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