50 anos do 25 de Abril

Grândola inaugura museu dedicado à canção que se tornou senha da Revolução

Segundo o município, o museu "conta a história do poema escrito por José Afonso que se transformou em canção e, 10 anos depois, na senha do 25 de Abril". O edifício tem “áreas de exposições, filmes, atividades interativas, um estúdio de gravação e um auditório que conta detalhadamente a história do poema”.
Grândola inaugura museu dedicado à canção que se tornou senha da Revolução

Um núcleo museológico interativo e imersivo dedicado à canção que se tornou senha da Revolução do 25 de Abril vai abrir ao público, no sábado, em Grândola (Setúbal), após um investimento de 1,5 milhões de euros.

Segundo o município, o novo museu Grândola, Vila Morena, instalado no 1.º andar do edifício dos antigos Paços do Concelho, "conta a história do poema escrito por José Afonso que se transformou em canção e, 10 anos depois, na senha do 25 de Abril".

"O novo Núcleo Museológico de Grândola percorre, passo a passo, com recurso a tecnologia interativa, a história de Grândola, Vila Morena, desde o primeiro encontro entre José Afonso e a Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense, em 1964", até à atualidade, explicou a autarquia, em comunicado.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara de Grândola, António Figueira Mendes, revelou que "a recuperação do edifício e a instalação do museu" representou um investimento de 1,5 milhões de euros.

"Além de homenagear Zeca Afonso é também uma homenagem a todos aqueles que lutaram pela democracia e pela liberdade. Ali se mostra como atuava a PIDE e a censura e recria-se todas as ações levadas a cabo pelo Estado Novo: a PIDE, as prisões e todos os modelos que utilizavam para retirar das pessoas as confissões na luta que travavam", frisou.

O autarca adiantou ainda que o museu apresenta "áreas de exposições, filmes, atividades interativas, um estúdio de gravação e um auditório que conta detalhadamente a história do poema - canção que ajudou a tornar Portugal numa democracia".

Além de uma homenagem aos "presos políticos grandolenses" que participaram na luta contra o fascismo, foi criada "uma biblioteca de livros então censurados que integravam o catálogo da publicação da Música Velha e recuperou-se ainda uma memória de José Afonso nesse espaço", acrescentou.

O que é que se pode ver durante a visita ao museu?

Ao longo da visita, o público é desafiado "a recuar no tempo, sentar-se no escritório da Direção Geral da Segurança, pegar no telefone e ouvir o relatório redigido pelos agentes da PIDE que assistiram, no Coliseu de Lisboa, ao I Encontro da Canção Portuguesa, onde José Afonso cantou Grândola, Vila Morena, acompanhado por milhares de vozes", lê-se no comunicado.

Será também possível "ouvir o testemunho inédito de José Mário Branco sobre a gravação da canção em 1971" ou "recriar, num estúdio de gravação, a sua própria versão de Grândola, Vila Morena e partilhá-la nas redes sociais".

Ainda de acordo com Figueira Mendes, o espaço "apresenta também uma fotografia de Patrick Ulmann, que capta José Mário Branco, José Afonso e Francisco Fanhais no momento em que ensaiam os passos de Grândola, Vila Morena".

Esta fotografia deu origem a um mural da autoria da pintora Mariana Santos que, nos últimos meses, "pintou ao vivo" o momento em que "José Mário Branco, José Afonso e Francisco Fanhais caminham sobre uma mistura de saibro e gravilha".

A pintura "de grandes dimensões" ficará exposta numa das paredes de entrada do museu, precisou o autarca.

A inauguração, no sábado, às 15:00, contará com a intervenção do presidente da Câmara de Grândola e um momento musical protagonizado pela Banda Filarmónica da Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense.

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