Lembro-me de fazer entrevistas nos jantares de família com um microfone de plástico e antes disso com uma escova de cabelo. Do encantamento que eram as noites de histórias contadas à luz de estrelas no monte da minha avó, na planície alentejana. E do entusiasmo que foi comprar o primeiro bilhete de interrail, aos 18 anos, para fazer a primeira grande viagem pela Europa. Queria ser jornalista. E queria saber o que se passava lá fora. Comecei na rádio dois antes de chegar à SIC, em 1995, no tempo em que as imagens se guardavam em cassetes e fazíamos provas olímpicas entre as salas de edição e a central news para entregar as peças em mão. Chegaram a vir equipas do estrangeiro para comprovar o que se fazia diariamente em Carnaxide - seguramente só por milagre se produziam jornais assim. Passei pelo Primeiro Jornal, pelo Jornal da Noite, pela equipa dos fins de semana e pela da Edição da Noite da SIC Notícias. Fui pivot durante 5 anos e apresentei o Programa Rotas de Verão. Entre 2004 e 2010 integrei a equipa da Grande Reportagem. Nos últimos 7 anos, na editoria de Internacional, tive a sorte de poder juntar no terreno o jornalismo e o mundo. As Grandes Reportagens em Angola, na Venezuela, Etiópia, Turquia, Guiné Bissau, Jordânia, Hungria, Polónia, Alemanha, Israel, Gaza ou os territórios Palestinianos permitiram-me chegar a realidades e a pessoas que hão-de acompanhar-me para sempre. E confirmar que o jornalismo é o lugar perfeito para constatar que a realidade é sempre mais surpreendente do que a ficção.