Geração 70 em Podcast

Fernando Medina: "Vou participar na campanha eleitoral, não mais do que isso. Este não é o momento do meu futuro, mas sim do país"

Filho de pais comunistas, nasceu e cresceu no meio da política. A porta grande abriu-se quando foi convidado para trabalhar com António Guterres. Foi o herdeiro de António Costa na Câmara de Lisboa e hoje é um dos seus ministros mais importantes. Afasta a entrada num novo governo e fecha a porta a Lisboa. “A vida anda para a frente” e agora é tempo de regressar aos passeios de bicicleta na Almirante Reis. “Engordei nos últimos tempos. Foram muitas horas fechado no gabinete". Ouça aqui a entrevista

Nuno Fox

Nasceu em março de 1973, no Porto. Foi um bebé clandestino. O pai soube do seu nascimento através de um anúncio no jornal “O Século” que dizia: “Perdeu-se um álbum de fotografias no comboio Lisboa-Porto”. Foi uma coisa combinada entre os pais e o sentido da viagem determinava se tinha nascido um menino ou uma menina.

A mãe, Helena, vivia no Porto, era funcionária do PCP. O pai, Edgar, vivia no Alentejo, na clandestinidade. Sempre que regressa ao Alentejo é conhecido como o “filho do António”, o nome falso que o pai usava.

Nuno Fox

Cresceu numa família “abastada” e com posses. Os avós sempre lutaram contra o regime e ajudaram muitos portugueses a fugir do país. O avô participou internamente na campanha de Humberto Delgado e chegou a ter reuniões secretas com Álvaro Cunhal.

O pai, fundador dos renovadores do PCP, acabou expulso do partido mas “foi comunista para sempre”. Morreu em 2005. A mãe é viva e “sofre” com o filho. “A política é um meio agressivo, ingrato e não dá boa saúde”, desabafa.


Nuno Fox

Em criança andou na escola primária perto de casa e estudou nos liceus Leonardo Coimbra e Clara de Resende. Licenciou-se em Economia na Universidade do Porto e, na altura, “já sabia que ia entrar na política”. Era o tempo do cavaquismo, muito marcado pela luta estudantil.

Na faculdade, enquanto dirigente estudantil, travou a luta contra as propinas e chegou a organizar greves contra Teixeira dos Santos, futuro colega de Governo e ministro das Finanças, então presidente do Conselho Científico da Faculdade de Economia.

Aos 22 anos entrou “mais ativamente” na política. Como presidente da Federação Académica do Porto reunia-se com Manuel Ferreira Leite, na altura ministra da Educação. “Estava a cumprir o último pedido do seu amigo Cavaco Silva e dizia-nos que já não tinha mais margem para negociar”, conta.


Nuno Fox

Depois da faculdade mudou-se para Lisboa. Começou a trabalhar no Ministério do Trabalho, depois do Ensino Superior. Pelo meio tirou um mestrado em Sociologia Económica.

A porta grande abriu-se quando recebeu um convite para trabalhar com António Guterres. Em 2001 ligou-se ao partido e fez-se militante do PS.

Foi deputado em 2005, mas acabou secretário de Estado do Emprego e Formação Profissional do primeiro governo Sócrates. Confessa que não tem “grandes amargos” do passado, mas estava lá e lembra-se dos “tempos duros” em que percebeu que o país tinha de ser intervencionado pela Troika.

Nuno Fox

Em 2013 foi incluído, como número dois, na lista da autarquia de Lisboa. O convite foi interpretado como um sinal de que António Costa não concluiria o mandato como presidente. E assim foi, em 2015, com 42 anos, foi chamado para o substituir na Câmara.

Seis anos depois, perdeu as eleições para Carlos Moedas. Mas prefere não falar sobre este tempo. Para fechar o podcast escolheu a música “Nova Lisboa” de Dino d’ Santiago, mas garante que a escolha não tem nenhuma mensagem política para o atual presidente.

Fernando Medina é o convidado do novo episódio do Geração 70. Nasceu e cresceu no meio da política, hoje é ministro das Finanças. Os casos que abalaram este governo não o desconcentraram do trabalho, mas assume que foi difícil “manter o foco”.

Nesta conversa com Bernardo Ferrão, não abre a porta aos bastidores do núcleo duro do primeiro-ministro António Costa, mas deixa uma garantia: “Daqui a 50 anos, num novo podcast, posso contar todos os segredos”.


Nuno Fox

E o futuro? Para já vai participar na campanha eleitoral e ocupar “lugares cimeiros” das listas por Lisboa a convite de Pedro Nuno Santos, o candidato que não apoiou. "Não mais do que isso, não mais do que isso”, sublinha.

Afasta a entrada num novo governo do PS e fecha a porta a outra candidatura à Câmara de Lisboa. “A vida tem de andar para a frente” e agora é tempo de voltar aos passeios de bicicleta na Almirante Reis. “Já tenho saudades. Engordei nos últimos tempos. Foram muitas horas a trabalhar no gabinete do Ministério”. Ouça aqui a entrevista.

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