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Análise

Chega acusa Marcelo de "traição à pátria": "É completamente absurdo, cai no ridículo"

A comentadora da SIC, Maria Castello Branco, analisa as reações políticas aos ataques racistas no Porto e a acusação de falta de patriotismo que o Chega dirigiu ao Presidente da República, a propósito das compensações às ex-colónias.

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O Presidente do Chega diz que vai consultar juristas e os deputados do Chega para saber se existe um quadro legal que sustente uma acusação criminal contra o Presidente da República. Para André Ventura, é inequívoco que, no plano político, Marcelo Rebelo de Sousa deve sofrer as consequência das declarações sobre as reparações às ex-colónias. Maria Castello Branco considera que esta posição do Chega é “absurda” e “ridícula”.

“É completamente absurdo, cai no ridículo, mas isto está num nível de desespero que vimos André Ventura ter na altura das eleições, quando André Ventura começou a perceber que se calhar poderia perder as eleições ou poderia ter resultados menos bons, André Ventura começou a criticar o próprio processo eleitoral. Isto são questões que caem no ridículo, que são muito radicais. Acusar o Presidente da República de traição à pátria por falar do passado colonial, é uma coisa tão ridícula quanto dizer que o processo eleitoral está todo quinado”, sublinha a comentadora da SIC.


Na opinião de Maria Castello Branco, a posição do Chega “é sempre fogo de vista, André Ventura está a tentar avançar com este processo que não tem qualquer fundamento jurídico".

"O momento político faz-me sentido a partir do momento em que nós temos grandes problemas com as populações da CPLP, por exemplo, em relação aos vistos de residência que expiram em junho, quando temos 50 anos da nossa democracia, quando o próprio Marcelo Rebelo de Sousa fez parte da fundação dessa democracia e é uma das pessoas mais indicadas para falar da desta questão, que é tão importante que é nós fazermos as pazes com o nosso passado e também deixarmos que outras pessoas, outros países, outros povos façam as pazes também com o passado que nós lhes imputamos”, explica.

Ataques racistas no Porto

Os seis homens suspeitos das agressões a imigrantes, no Porto, estarão ligados ao grupo de extrema-direita 1143. A informação é avançada pelo jornal Público. Para a comentadora da SIC, este problema deve ser politicamente tratado, mas como está a ser tratado agora,

“Os líderes dos diversos partidos manifestaram a as suas opiniões em relação a isto, condenaram o ódio, mas não fizeram muito mais do que isso”.

“Enquanto os partidos moderados decidirem não falar, quando existem estes casos de agressão a imigrantes, quando se fala de imigração, quando se fala de populações que estão descontentes com a imigração e depois vão votar no Chega. Enquanto a direita e a esquerda moderadas decidiram não falar e decidirem só fazer comunicados através das redes sociais (…) isto é o palco para o André Ventura crescer”, realça.

A comentadora da SIC lamenta ainda que outros políticos alinhem em discursos idênticos ao do Chega.

“Não é só André Ventura a fazer. Nós vimos o ex-primeiro-ministro [Pedro Passos Coelho] a fazer um discurso no Algarve, na altura da campanha eleitoral, a fazer precisamente isto” a fazer ligação entre a criminalidade e a insegurança, quando “não há qualquer tipo de relação dos números, os estudos não relacionam, isto é um discurso profundamente populista”.

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