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Entrevista SIC Notícias

"Movimentos anónimos podem cavalgar": proposta do Governo "tem de serenar" as forças de segurança

Bruno Pereira espera que a proposta do Governo esteja alinhada com as expectativas dos polícias. O porta-voz da Plataforma dos Sindicatos da PSP e Associações da GNR teme que, se a proposta ficar aquém do esperado, os protestos se intensifiquem.

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A ministra da Administração Interna vai apresentar esta quinta-feira aos sindicatos da PSP e associações da GNR a proposta de atribuição de um subsídio aos elementos das forças de segurança, equivalente ao que já é pago aos inspetores da Judiciária. Em entrevista na SIC Notícias, Bruno Pereira, porta-voz da Plataforma dos Sindicatos da PSP e Associações da GNR, admite que se as expetativas das forças de segurança não forem correspondidas, podem ocorrer novos protestos e a situação pode atingir uma “dimensão singular, difícil de controlar, difícil de gerir”.

O porta-voz da Plataforma dos Sindicatos da PSP e Associações da GNR diz que “haverá margem e tempo para respeitar aquilo que possa ser uma decisão ponderada relativamente à proposta que vem, mas ela terá que vir de uma vez por todas serenar estes polícias e terá que estar alinhado com aquilo que são as expectativas elevadas que eles têm vindo a criar".

“Pior do que ter protestos e foram semanas a fios de centenas de protestos em todo o país, eu temo que isto possa ser um acelerador e possa constituir-se como a gasolina para que movimentos sem rosto, movimentos anónimos possam cavalgar, possam ganhar dimensão e possamos perder alguma mão”, sublinha Bruno Pereira.

O porta-voz da Plataforma dos Sindicatos da PSP e Associações da GNR refere-se a movimentos como aqueles que têm circulado nas redes sociais que falam já num boicote a iniciativas que vão acontecer em breve, como por exemplo o Rali de Portugal.

“É curioso que durante meses os protestos têm sido de uma elevação quase inatacável, mas como digo quando as expectativas, ainda por cima em profissionais que têm como principal defesa, principal dever a segurança a tranquilidade e ordem social, quando percebem mais uma vez que os seus anseios que suas expectativas vão ser goradas naturalmente com os movimentos inorgânicos e movimentos sem rosto, ganham dimensão, ganham tração e isto pode tornar-se difícil de gerir, quer do ponto de vista institucional, quer do ponto de vista sindical”, explica.

Assim, o porta-voz Plataforma dos Sindicatos da PSP e Associações GNR renova, na antena da SIC Notícias, um apelo que tem vindo a fazer ao longo dos últimos meses:

“Isto tem que ser rapidamente resolvido, sob pena de, como digo, ganhar uma dimensão singular, difícil de controlar, difícil de gerir”.

A proposta do Governo será apresentada esta tarde, em reuniões separadas, às quatro associações socioprofissionais da Guarda Nacional Republicana e aos seis sindicatos da Polícia de Segurança Pública, que exigem um suplemento de missão idêntico ao que o anterior Governo socialista atribuiu à Polícia Judiciária.

Na última reunião realizada com estas estruturas, a 22 de abril, a ministra Margarida Blasco anunciou a atribuição de um subsídio aos elementos das forças de segurança, mas não esclareceu se será subsídio de risco ou suplemento de missão, nem são ainda conhecidos os moldes nem que valor será pago às forças de segurança, remetendo para a proposta que será esta quarta-feira apresentada.

No final deste encontro, as associações socioprofissionais da GNR e sindicatos da PSP saíram com alguma esperança e expectativa, tendo em conta que pela primeira vez a ministra assumiu "como prioridade das prioridades" a atribuição de um suplemento de missão.

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