Marcelo Rebelo de Sousa disse que o novo primeiro-ministro tem "comportamentos rurais" e que António Costa era "lento" por ser oriental, num encontro com jornalistas internacionais no Vila Galé Ópera, na noite desta terça-feira. Revelou ainda, no jantar com a Associação de Imprensa Estrangeira em Portugal, que Luís Montenegro lhe “dá trabalho” que o ex-primeiro-ministro socialista não dava, devido à sua imprevisibilidade.
“É um estímulo completamente diferente, não é lisboeta, nem portuense. É uma pessoa que vem de um país profundo urbano-rural, urbano com comportamentos rurais. É muito curioso e difícil de entender precisamente por caus disso", afirmou aos jornalistas, acrescentando depois que Montenegro é um grande orador e que ganhará todos os debates.
Apontou, no entanto, que o novo chefe do Governo é um político retórico, “à antiga” e voltou a compará-lo com António Costa.
“Não é um político estilo António Costa e muito menos estilo partidos populistas. É outro estilo de discurso, envolvente, difícil de acompanhar por causa dessa envolvência. É um estilo com outro tempo”.
Foi com esta afirmação que o Presidente da República fez a ponte para o estilo de António Costa que, segundo Marcelo Rebelo de Sousa, “era lento, oriental”.
“Os orientais são lentos”, apontou, acrescentando que Montenegro, apesar de não ser oriental, também é lento.
Nas declarações aos jornalistas de todo o mundo, num jantar que durou quatro horas, Marcelo disse ainda que Montenegro faz lembrar “o antigo PSD”, um PSD “profundo”.
“O antigo PSD era muito isto. O PS era grande Lisboa e área metropolitanas e o PSD era o resto, do norte e centro norte. E ele é muito, muito, muito isto na maneira de ser”, continuou.
Montenegro “formou Governo de forma impensável”
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, na intervenção no encontro de jornalistas a que a SIC teve acesso, Luís Montenegro só convidou os ministros para o Governo no dia em que ia entregar a lista ao Presidente da República.
“[Montenegro] formou Governo de forma impensável. Convidou cada ministro sem ninguém saber quem eram os outros ministros. Encontraram-se de surpresa no fim da história. Ele começou a convidar os ministros na manhã do dia em que ia entregar a lista. É um risco”, apontou.
O chefe de Estado teve ainda tempo para falar sobre as escolhas da Aliança Democrática para as eleições europeias de junho, alegando que Montenegro guardou segredo até ao fim.
“A solução para a lista europeia é tipicamente uma improvisação. Guardou segredo até ao fim. Todos os dias tenho surpresa, com o primeiro-ministro António Costa era ao contrário”, disse, referindo, mais uma vez, que o atual primeiro-ministro “tem um raciocínio de um país tradicional”.