Manuel Pizarro diz que a comissão parlamentar de inquérito proposta pelo Chega ao caso das gémeas luso-brasileiras só serve para “alimentar uma guerrilha institucional contra o Presidente da República”.
Em entrevista à CNN Portugal, o ex-ministro da Saúde entende que o assunto deve ser esclarecido, mas acusa André Ventura de querer criar conflitos com Marcelo Rebelo de Sousa.
Pizarro lembra que o Chega não precisa de nenhum partido para avançar com a proposta - inclusive não precisa de esperar pelo parecer do PSD, como ventura pretende fazer - mas aplaude a decisão do PS de votar contra.
Sobre o inquérito da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), o ex-governante diz que não há dúvidas que as normas de acesso ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) não foram cumpridas, independentemente das intenções.
“Quero acreditar que essa aceleração foi feita por razões de natureza humanitária, mas não há dúvida nenhuma que não foram cumpridas as normas administrativas”, afirma.
Manuel Pizarro aplaude a avaliação “isenta, transparente e clara” da IGAS e considera os portugueses “têm hoje toda a informação necessária para fazer o devido julgamento político”.
A IGAS concluiu que há evidências de irregularidades na marcação da primeira consulta para as gémeas luso-brasileiras no hospital de Santa Maria, realizada em 2020 na sequência de um telefonema efetuado pelo gabinete do então secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales.
Por outro lado, a IGAS considera que o “centro hospitalar cumpriu as normas técnicas e a legalidade no acesso e na prestação de cuidados de saúde a duas crianças”, que receberam o medicamento para atrofia muscular espinhal Zolgensma.
André Ventura disse que o Chega vai avançar com uma comissão de inquérito potestativa caso não haja acordo com o PSD até a próxima sexta-feira.