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Correspondente SIC

Reparações a ex-colónias: Brasil reabre debate sobre escravatura

As declarações do Presidente da República sobre as reparações às antigas colónias é um assunto que está a ter repercussões além fronteiras. Apesar de o Governo português já ter declarado que não está em curso qualquer processo do género, as palavras de Marcelo reabriram, no Brasil, um debate antigo sobre a escravatura.

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O sítio arqueológico Cais do Valongo, no centro do Rio de Janeiro, é considerado um património mundial pela UNESCO, por ser o maior porto de entrada de africanos escravizados do Brasil e do mundo, durante mais de três séculos da duração da escravatura no país. Por lá, passaram cerca de um milhão das quase seis milhões de pessoas que, entre os séculos XV e XIX, foram sequestrados e transferidos à força pelo Atlântico em navios portugueses e vendidas como escravizadas.

O Brasil foi o último país independente das Américas a abolir a escravidão oficialmente, há 136 anos, com a assinatura da Lei Áurea, pela princesa Isabel, em maio de 1888. Uma data que não é comemorada pelo movimento negro.

A declaração de Marcelo Rebelo de Sousa, na semana passada, sobre a necessidade de reparação histórica de Portugal pela escravidão e pelos crimes cometidos durante o período colonial, reacendeu o debate no Brasil sobre como tentar mitigar os danos de séculos de escravidão.

A ministra da Igualdade Racial falou sobre o assunto logo após a declaração do presidente português. A posição posterior do Governo de Portugal nega qualquer processo de reparação, mas isso não surpreende a historiadora Wania Sant'anna, entrevistada pela SIC.

A investigadora faz parte de uma coalizão de 293 entidades do movimento negro e acaba de voltar de um Fórum Permanente de pessoas afrodescendentes, das Nações Unidas, em Genebra, onde esse tema foi central. Mas segundo Wania, não houve nenhuma manifestação dos representantes de Portugal.

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