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"Esperemos que a decisão americana inspire a UE a também fazer o mesmo" pela Ucrânia

O comentador da SIC Germano Almeida refere que o apoio norte-americano à Ucrânia vai avançar numa altura em que os ganhos russos no terreno ucraniano são significativos e foca a crescente tensão entre a Polónia e a Rússia.

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O Senado norte-americano vota hoje três pacotes de ajuda externa à Ucrânia, Israel e Taiwan após uma primeira aprovação deste apoio no sábado na Câmara dos Representantes, ao fim de meses de tensas negociações. Em causa estão 95 mil milhões de dólares (89 mil milhões de euros), dos quais a maior fatia, 61 mil milhões de dólares (57 mil milhões de euros), é destinada à assistência militar e financeira à Ucrânia para combater a invasão russa, depois de um prolongado bloqueio da ala radical republicana na câmara baixa do Congresso norte-americano.

O mais difícil está feito”, refere Germano Almeida, explicando que “já houve uma aprovação no Senado já há uns meses e o que faltava era a votação na Câmara dos Representantes, que foi sendo adiada. A questão foi resolvida. E agora esta ratificação no Senado vai ser fácil, onde haverá certamente uma grande maioria”.

“Depois vai ser rápido. Ou seja, o Presidente vai assinar logo e grande parte do material vai estar no terreno e importa saber o que é, nomeadamente para defender as cidades ucranianas mais baterias Patriot (…) sistemas Himars, mísseis ATACMS e, o próprio Presidente Zelensky confirmou que Biden lhe confirmou que em breve terá mais sistemas de mísseis táticos para que os soldados ucranianos possam resistir às forças russas”.

Da reunião no Luxemburgo saiu pouco mais do que algumas sanções. Era importante que o apoio e um acordo em relação aos Patriot fosse alcançado, mas não foi conseguido, “embora a Alemanha tenha essa intenção, mas a nível europeu isso não foi conseguido”.

O que, segundo Germano Almeida, “aumenta a importância dos Estados Unidos darem este apoio”. Outra questão mais complexa que está em cima da mesa há já algum tempo tem a ver com o confisco de bens russos.

“Como sabemos, os Estados Unidos nesta provação no Congresso, também aprovaram [sanções] com grande maioria bipartidária, em que, através da venda de ativos russos, seja feita de forma direta uma transferência de fundos para ajuda militar à Ucrânia. Esperemos que esta decisão difícil americana inspire a União Europeia também fazer o mesmo".

Crescente tensão entre a Polónia e a Rússia

A Polónia diz que está pronta para receber armas nucleares da NATO. A Rússia responde que o Ocidente está a brincar com o fogo.

“Esta é uma das questões centrais da do argumento de guerra de Putin”, recorda Germano Almeida..

Dias antes de 24/02/2002, nas cartas que o Presidente da Rússia enviou aos Estados Unidos e à NATO como argumentos para não fazer o que depois foi fazer, um tinha a ver, de facto, com o destino da Ucrânia, a legitimidade ou não da Ucrânia entrar na NATO e suposto perigo para a segurança da Rússia. A outra tinha a ver com isto: com a questão da colocação de armas nucleares no flanco leste da NATO, que Putin considerava também uma ameaça à segurança russa.

“Ora, o que a Polónia está a dizer é que se a Rússia coloca armas em Kaliningrado e na Bielorrússia, ou seja, na sua ponta ocidental, então a Polónia está preparada para receber armas nucleares numa perspetiva de dissuasão”.

Há ainda a questão da Finlândia, “a entrada da Finlândia na NATO e o facto de a Rússia ter criado uma divisão militar, o distrito militar de Leningrado, basicamente em São Petersburgo. Há indicação que mísseis Iskander e 2 novas brigadas do exército russo estão a ser colocadas na zona da Carélia, entre São Petersburgo e a fronteira com a Finlândia”.

“Portanto, está criada mais uma frente na frente Leste com a Finlândia e com a Polónia, em que a Rússia quer mostrar que, no fundo, a sua agressão pode não parar na Ucrânia”.

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