Portugal entre os países menos generosos do mundo

Portugal entre os países menos generosos do mundo

Hoje, 20 de dezembro, é Dia Internacional da Solidariedade Humana. Portugal surge como um dos países menos generosos do mundo na lista de países apresentada no estudo World Giving Index. A avaliar pelos critérios no estudo apenas o Japão está atrás de Portugal na ajuda a estranhos, na doação de dinheiro e no tempo que cada cidadão dedica ao voluntariado.

Comemorado todos os anos, o Dia Internacional da Solidariedade Humana foi proclamado pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas em 2005.

Uma data para que os países reconheçam o valor universal da solidariedade, e definam e partilhem estratégias para reduzir a pobreza no mundo.

A resolução 60/209 da ONU identificou a solidariedade como um dos valores fundamentais em que se devem basear as relações no século XXI para fazer face a crescentes desigualdades e combater a pobreza no mundo.

A solidariedade implica generosidade e, para avaliar os índices de generosidade de cada país, o World Giving Index, uma iniciativa da Charities Aid Foundation (CAF), realizou mais um estudo em 2021.

Os resultados indicam que Portugal é o segundo país menos generoso, ocupando a posição 113, do total de 114 países, sendo apenas ultrapassado pelo Japão.

A ajuda a estranhos, doação de dinheiro e tempo de voluntariado foram os critérios considerados, constatando-se que a contribuição de Portugal é menor do que a de outros países.

Quanto aos motivos para a falta de generosidade, o mesmo estudo aponta as questões culturais e a falta de hábitos solidários.

Já os dados recolhidos no inquérito realizado pelo World Giving Index entre 2009 e 2018, com entrevistas a cidadãos de 126 países, concluíram que Portugal era um dos países menos generosos do mundo, ocupando o 88.º lugar.

Segundo as respostas dadas pelos portugueses, apenas 14% responderam ter praticado voluntariado em alguma organização no mês anterior à data do inquérito; 20% afirmaram que doaram dinheiro a uma instituição; e 42% dos inquiridos responderam ter ajudado um estranho ou alguém que precisava de ajuda.

Dados recolhidos pelo Instituto Nacional de Estatística mostram também que apenas 695 mil portugueses participaram em ações de voluntariado em 2018.

Ou seja, apenas 7,8% da população residente com mais de 15 anos dedicaram parte do seu tempo livre ao voluntariado. Uma percentagem que fica bem distante da média europeia, de 19,3%.

A falta de solidariedade observa-se igualmente no domínio do apoio à arte. Uma realidade reconhecida pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa na semana passada, durante a visita à exposição “Il Fanatico per la musica: O conde do Farrobo e o Teatro das Laranjeiras”, patente no Teatro Thalia, em Lisboa.

“É raríssimo encontrar mecenas no domínio das artes e nomeadamente da música. Não somos um país com mecenato cultural, como é público e notório”, afirmou.

O mesmo estudo indica que a população dos Estados Unidos é considerada a mais generosa e solidária do mundo, seguindo-se Myanmar, em 2.º lugar, e Nova Zelândia, em terceiro.

A China surge em último lugar, apresentando-se como o país menos generoso do mundo.

Em Portugal, a solidariedade manifesta-se sobretudo no domínio social, tendo as centenas de instituições sociais espalhadas pelo país um papel fundamental, sobretudo em tempos de crise.