Investigação procura melhorar resposta do sistema imunitário às vacinas

Investigação procura melhorar resposta do sistema imunitário às vacinas

Uma equipa de investigadores liderada por Luis Graça está a estudar a forma de melhorar a resposta do sistema imunitário das pessoas mais vulneráveis (entre as quais as mais velhas) às vacinas.

O envelhecimento e algumas doenças diminuem a eficácia da resposta do sistema imunitário às ameaças externas. Uma das consequências da perda dessa capacidade natural de gerar uma resposta protetora, é a diminuição da eficácia vacinal.

Luís Graça, investigador do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM) e vice-diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa quer melhorar o efeito das vacinas nos grupos de pessoas mais vulneráveis. À frente de uma equipa de 10 pessoas desenvolve o projeto “Controlo da regulação do centro germinativo para melhoramento da eficácia das vacinas” financiado com 500 mil euros pela Fundação “la Caixa”.

“Sabemos que as vacinas funcionam estimulando a reposta do sistema imunitário, tornando esta resposta mais eficaz quando mais tarde contactamos com o agente que provoca esta doença”, explica o investigador. “Aquilo que se sabe também é que as vacinas são muito eficazes contra muitas doenças e previnem anualmente muitas mortes, sobretudo em grupos mais vulneráveis mas que no entanto em alguns destes grupos, nomeadamente de pessoas idosas ou que têm perturbações no sistema imunitário, a eficácia das vacinas diminui por a resposta imunitária não ser tão robusta como numa pessoa jovem e saudável.” Consequentemente, é preciso tornar as vacinas ainda mais eficazes nesses grupos. Este é o foco da investigação que desenvolve há anos.

Os resultados obtidos indicam aos investigadores “que será possível aumentar a eficácia das vacinas aumentando a capacidade de algumas células do sistema imunitário de interagir com as células que produzem os anticorpos, melhorando este processo de produção de anticorpos neutralizantes.” É neste ponto que o trabalho da equipa de investigação está agora focado.

O Desafio de lidar com o desconhecido

Segundo Luis Graça, o principal desafio deste trabalho que integra, além de especialistas em biologia de computação e de várias áreas da química, investigadores em imunologia, é o que habitualmente se coloca a qualquer outra investigação: lidar com o desconhecido.

Para avançar, torna-se necessário antecipar os problemas, “ter uma equipa com uma competência muito diferente em várias áreas para conseguirmos ir avançando de uma forma mais sólida e lidando com essas contrariedades que sempre acontecem para conseguir avançar com o nosso conhecimento e gerar mais conhecimento nesta área que ainda é desconhecida”, afirma o investigador.

A motivação para prosseguir articula-se com a “grande satisfação de encontrar coisas novas” herdada da infância, “de descobrir e ser surpreendido com coisas que não conhecemos.” E assim ir acrescentando conhecimento ao conhecimento que já se tem.

Nas próximas etapas desta investigação, a equipa vai procurar criar compostos com potencial para estimular as respostas protetoras contra as infeções, nomeadamente infeções por vírus.

Os investigadores procurarão verificar se esses compostos são tão eficazes como acreditam e, com esse conhecimento, poderão abrir portas a outras melhorias. O objetivo é que o processo “não termine nesta primeira linha de ensaios que estamos a fazer mas que se abram portas a mais melhorias na eficácia destas estratégias contra infeções”, sublinha Luis Graça.

Para já, pelo que foi dado a observar com a resposta à epidemia da covid-19 e à vacinação “é que o nosso sistema imunitário é bastante robusto e está bastante preparado para respostas fortes, boas respostas protetoras contra os vírus e contra este vírus especificamente”, afirma o investigador.

Uma prova disso, “é que as vacinas têm tornado a frequência das doenças graves e da morte por covid-19 muito residuais e muito limitadas, sobretudo nas pessoas que têm perturbações das suas defesas imunitárias.”

Para os investigadores, o caminho agora é no sentido da descoberta de novas estratégias que possibilitem uma maior proteção aos grupos de pessoas mais vulneráveis.