Desporto

“Senna não morreu, porque os deuses não morrem”: Parlamento português parou para ver o funeral de Ayrton Senna

Há 30 anos que a morte de Ayrton Senna é a ferida que nunca vai sarar no coração dos fãs do brasileiro e do desporto em geral. Milhões de pessoas assistiram ao funeral do “mago”, como era conhecido. Em Portugal, o Parlamento parou para ver o funeral, transmitido pela SIC.

“Senna não morreu, porque os deuses não morrem”: Parlamento português parou para ver o funeral de Ayrton Senna
Mike Hewitt

“Senna não morreu, porque os deuses não morrem”: esta é uma de muitas frases escritas no túnel de Anhangabaú, uma das principais artérias da cidade de São Paulo, no Brasil.

Depois do “Rei Pelé” ter pendurado as chuteiras nos Estados Unidos em 1977, Ayrton Senna assumiu o papel de herói para o povo brasileiro.

As vitórias do "Chefe” eram também as vitórias de um Brasil que sempre viu o desporto como um escape para todos os problemas.

Williams, o início do fim para Senna

Em 1994, Senna trocou a McLaren pela Williams. Queria conquistar o seu quarto título mundial de Fórmula 1 mas não correu como esperado.

Nas primeiras duas corridas teve alguns problemas no carro e foi obrigado a abandonar em ambas.

No final de abril, a terceira etapa decorria no circuito de Ímola, em Itália. Este Grande Prémio ficaria marcado como o mais negro da história da competição.

Nos treinos livres de sexta-feira, o brasileiro Rubens Barrichello sofreu um aparatoso acidente e teve que ser hospitalizado com uma fratura no nariz e algumas escoriações.

No sábado, na qualificação, o austríaco Roland Ratzenberger também sofreu um grave acidente, morrendo no local, aos 33 anos.

O acidente de Barrichello e a morte de Ratzenberger deixaram todos em choque. Ayrton Senna reuniu-se com alguns pilotos para exigir mais segurança na corrida e, inclusive, colocou em cima da mesa a possibilidade de não participar. No entanto, houve um acordo para a corrida acontecer.

No domingo, Senna liderava a corrida, com o alemão Michael Schumacher logo atrás. Na sétima volta, um problema na direção fez o brasileiro perder o controlo do carro quando passava pela curva Tamburello e chocou contra um muro de proteção a quase 300 km/h.

O brasileiro foi transportado para o hospital de helicóptero mas não resistiu aos ferimentos, falecendo aos 34 anos.

Milhões saíram à rua para um último adeus ao “mago”

O corpo de Ayrton Senna foi transportado para o Brasil num avião da já extinta companhia aérea brasileira Varig.

O Governo brasileiro decretou três dias de luto nacional e o funeral aconteceu quatro dias depois, em São Paulo, durando 22 horas.

O cortejo fúnebre foi acompanhado por cerca de três milhões de pessoas e teve transmissão em direto na televisão.

O caixão, coberto com a bandeira do Brasil e o capacete de Senna, foi carregado pelos pilotos Emerson Fittipaldi, Gerhard Berger, Rubens Barrichello, Michele Alboreto, Damon Hill e Alain Prost.

Um dos momentos mais marcantes no funeral de Ayrton Senna foi quando a irmã Viviane pegou no capacete do piloto e beijou-o.

Aquele momento simbólico inspirou o realizador do filme Homem de Ferro 3, em que Pepper Potts, personagem interpretada por Gwyneth Paltrow, quando encosta a cabeça ao capacete de Tony Stark, personificado por Robert Downey Jr.

O Parlamento português parou para ver o funeral na SIC

Ayrton Senna tinha uma ligação muito especial com Portugal. Em 1985, venceu o Grande Prémio de Fórmula 1, no autódromo do Estoril.

O brasileiro tinha uma casa no empreendimento luxuoso Quinta do Lago, no Algarve, onde passava grande parte do ano, quando não estava em competição.

No dia da tragédia de Ímola, Adriane Galisteu, a namorada de Senna na altura, estava na casa do piloto no Algarve, onde o aguardava depois da prova em Itália.

O brasileiro tornou-se num ídolo para muitos portugueses que eram fãs de Fórmula 1. Quando Ayrton Senna perdeu a vida ao volante daquele Williams, não foi só o Brasil que chorou a morte do seu herói.

Portugal também ficou luto pela perda de uma figura tão querida.

Uma reportagem da emissora TV Globo deu conta que o Parlamento português suspendeu os trabalhos para acompanhar em direto o funeral de Senna, que era transmitido pela SIC.

O então presidente da Assembleia da República, António Barbosa de Melo, pediu aos deputados presentes no hemiciclo que se fizesse um minuto de silêncio em memória do piloto brasileiro.

Os pilotos brasileiros Cristian Fittipaldi, Raul Boesel, Rubens Barrichello e o português Pedro Lamy durante o velório de Ayrton Senna
Getty Images
Últimas notícias
Mais Vistos
Mais Vistos do