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Inteligência Artificial agiliza resposta nas urgências do São João no Porto

Através do 'Paciente Digital', os médicos conseguem aceder a informação mais detalhada e rigorosa, de uma forma rápida e organizada, sobre o historial clínico de um doente.

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O Hospital de São João no Porto tem há cerca de dois anos um programa, com recurso à Inteligência Artificial, que permite agilizar a resposta no serviço de Urgências.

Através do ‘Paciente Digital’, os médicos conseguem aceder a informação mais detalhada e rigorosa, de uma forma rápida e organizada, sobre o historial clínico de um doente.

Este é um dos vários projetos que têm estado a ser desenvolvidos com base nos avanços tecnológicos e rondou o ano passado os 460 doentes por dia.

Adultos que entraram nas urgências do São João, o hospital tem referenciados um milhão e meio de utentes.

Perante tanta informação armazenada a inteligência a artificial dá cada vez mais uma ajuda preciosa.

"Tudo o que são registos que nós teríamos de consultar de cada paciente individual, como é óbvio, mais para uns do que para outros, uns doentes mais idosos, com mais patologias, tem muito mais para consultar, demoraria imenso tempo, e demora, porque, temos de um fazer, mas a IA conseguiu tirar-nos algumas coisas, dos registos que já lá estão, que mais rapidamente nos mostram o que aquele doente tem, as patologias que tem, a medicação que faz, e isso é claramente uma ajuda", explicou Cristina Marujo, Diretora Urgência Hospital São João.

"Tentamos tirar partido de uma informação muito rica que existe nas bases de dados do hospital, que são os textos clínicos escritos pelos médicos, em que tentamos ler milhares de linhas de texto em poucos segundos. E a partir daí gerar informação útil para o clínico decidir", esclareceu Afonso Pedrosa, Diretor de serviço de Inteligência de Dados.

Criaram o conceito de ‘Paciente Digital’ que faz parte do dia a dia nestas urgências, há pouco mais de dois anos.

"Conseguimos apanhar coisas que não apanharíamos se andássemos à procura em tudo o que é o processo do doente. Nalguns deles, são mesmo muitas coisas. E ganhamos tempo para o próximo doente. É isso que pretendemos. Num serviço de urgência é mesmo muito importante", disse Cristina Marujo.

"Se pensarmos num doente que seja seguido no Hospital de São João, que tenha vindo meia dúzia de vezes, no seu histórico tenha cerca de 100, a 150 textos escritos, é bastante complicado, em poucos segundos, quando o clínico o está a receber pela primeira vez, saber quais são as suas principais características. E desse modo transformamos aquilo que é um conjunto de dados muito extenso numa informação útil em poucos segundo", acrescentou Afonso Pedrosa.

Mais que tudo ganhar tempo e é o tempo um bem precioso nas mãos de quem luta para salvar vidas.

A inteligência artificial pode ajudar nos processos de decisão na triagem ou a dar prioridade em casos clínicos.

"Pode-nos ajudar a organizar todo o processo para que ele funcione de uma forma mais eficiente. Mais atempada para quem precisa dele. A IA vem fazer algo de uma forma mais automatizada, mas que nos ajuda a fazer algo que se calhar nós, se tratássemos todos da mesma forma, teríamos mais dificuldade em identificar o caso mais crítico que devia ser o prioritário", explicou Maria João Campos, Diretora Sistemas de Informação São João.

No momento em que entram nas urgências, na decisão quando se dá alta, os dados recolhidos, as novas tecnologias tornam-se um instrumentos de trabalho ao serviço dos médicos que podem mesmo iniciar todo o processo ainda está o doente a caminho do hospital.

"Nós conseguimos acrescentar informação dos doentes que vêm de fora, por exemplo, do INEM, e caso ele tenha um histórico no Hospital, consegue ser perfeitamente apresentado ao clínico um resumo dos seus antecedentes, que por sua vez veio do motor de IA, e dessa maneira podemos apresentar uma informação útil e de caracterização rápida de um doente que ainda não chegou ao hospital", disse Afonso Pedrosa.

Esta informação pode ser decisiva, pode mesmo salvar vidas, por exemplo nos casos de AVC que caem nas mãos da neurologia.

"Era uma coisa que os colegas pediam há muito tempo, que conseguissem saber coisas do doente antes de ele chegar. Para saber depois o que é que vão preparar, os tratamentos não são todos iguais para todos os doentes. Depende muito de qual é o seu passado, os antecedentes que têm e depois de facto o que apresentam naquele momento. O que apresentam naquele momento só quando o doente chegar. Mas o que está trás já se consegue saber antes de ele entrar na porta", disse Cristina Marujo.

Enquanto hospital público, o São João encontra na inteligência artificial uma ferramenta essencial para desenhar o futuro.

Quem lidera estes projetos diz não ter dúvidas: é preciso acompanhar os avanços tecnológicos de forma a criar respostas cada vez mais eficientes.

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