Ao cimo da rua de São Bento, quase a chegar ao largo do Rato, esta taberna portuguesa bem podia passar despercebida, mas a porta de vidro e a grande janela revelam o já habitual ambiente de convívio no interior e convidam a entrar. O espaço não sendo grande, é acolhedor. A cozinha totalmente visível convoca a informalidade que se quer num restaurante que lembra uma casa de amigos. Abriu as portas no verão de 2023 e assume-se como um espaço de partilha. “A ideia é que cada comensal possa ter o maior número de experiências”, explica Filipe Ramalho, o proprietário, que aconselha “pratos para dividir”. Filipe assume o leme na sala, mas garante que o Copo Largo é conduzido entre amigos e a seis mãos, nomeando Miguel Rodrigues e Márcio Silva, a oficiarem na cozinha.
Na parede lê-se a ementa escrita a giz, que muda consoante a sazonalidade. No inverno conte com sugestões mais aconchegantes, mas assim que abre o bom tempo entram opções mais frescas nas ementa. Apesar das mudanças, algumas especialidades desta taberna guardam lugar cativo ao longo do ano, como “Choco do tio” (€13), ”Rissol do mar e chá" (€12), “Abanico de porco preto” (€15), “Tutano” (€12), “Isca do mar” (€11) e “Xerém de camarão” (€15), entre outras. Para começar a refeição sugere-se “Croquete e brioche” (€3.50). Pode ainda optar por “Queijo de ovelha Alentejano” (€6), ou ~"Queijo chiba com abóbora" (€8), que acompanha bem com pão de massa mãe.
O segredo da cozinha segue sempre a mesma receita, a base são os sabores tradicionais portugueses e a invenção é feita na dose certa. Não se estragam os clássicos, mas acrescentam-se-lhes as ideias que os três amigos experimentam fora de horas, “isto é um triângulo perfeito, não funcionava sem nenhum de nós”, defende Filipe, que ainda acrescenta que a matéria-prima, de pequenos produtores portugueses, nunca é igual, e com o maior respeito pelos produtos que entram na cozinha, nenhum dos pratos da ementa é servido sempre da mesma maneira. Um dia apura-se o sal, noutro dia experimenta-se carregar na pimenta, as invenções nunca terminam e as receitas nunca ficam fechadas.
Quanto ao conceito a regra é simples: “é mais coração do que cabeça. Pensamos muito, mas quando trabalhamos percebemos que nem sempre é pelo sítio que pensamos que devemos ir”, garante Filipe. Miguel e Márcio acompanham com acenos de confirmação.
No restaurante Copo Largo (Rua de São Bento, 333, Lisboa. Tel. 910739121), o vinho escolhe-se diretamente no armário que serve de garrafeira, com cerca de 50 referências de todas as regiões do país. Nas paredes estão pintados quadros e murais com referências às tradições da gastronomia portuguesa, da autoria de Filipe Ramalho. Nesta casa, a portugalidade comanda na cozinha, na música que acompanha a refeição, nos hábitos e na arte de bem receber. No final, a conta faz-se à merceeiro, em manuscrito, num bloco de notas.