O organismo que substituiu o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) continua a ser alvo de muitas queixas por parte de imigrantes. O organismo não consegue responder aos pedidos em tempo útil, o que leva a que alguns processos se prolonguem por mais de dois anos. As filas começam muito antes das portas abrirem e o desagrado é visível, tal como mostra a jornalista da SIC que se encontra à porta de um dos balcões de atendimento, no Porto.
Carlos, um dos rostos da indignação, é uma das muitas pessoas que aguardam, durante a manhã desta terça-feira, para serem atendidas pela AIMA. À SIC conta que espera desde março de 2023 pelo cartão de residência, que teima em não chegar. Revela que já se deslocou por diversas vezes à agência que trata de todas as questões relacionadas com a imigração, contudo "a resposta é sempre zero, nenhuma".
"Não dão nenhuma informação, dizem que podemos ir embora, que só com marcação na AIMA. Tento marcar, mas nunca se consegue", explica o cidadão brasileiro residente em Portugal.
Por não estar legal em território luso, devido à falta de resposta por parte da instituição, confessa que pensa regressar ao Brasil.
Protesto com pouca expressão no local
No local onde se encontra a equipa da SIC decorre uma manifestação, organizada por um movimento independente, que não registou a adesão pretendida.
"As pessoas têm medo de vir e de dar a cara. A realidade é que nós precisamos de ser ouvidos, atendidos", explica a organizadora da ação.
Partilha ainda a situação do marido, que pediu a renovação da autorização de residência em dezembro passado, mas ainda não obteve qualquer resposta.
"Ligamos à AIMA e dizem que é com o IRN (Instituto dos Registos e do Notariado), ligamos ao IRN e dizem que é com a AIMA. Nós estamos a ser prejudicados até mesmo pelo banco, que não aceita o nosso título, que já está vencido. Emprego não se consegue. Está uma situação caótica, precisa de ser resolvida", conta a imigrante.
Acrescenta que já pagou tudo o que lhe foi exigido para a renovação da autorização de residência, mas aponta que "ninguém sabe" onde estão os seus documentos.
Neste momento existem mais de 500.000 pedidos pendentes para a atribuição de nacionalidade portuguesa, que têm disparado ao longo dos últimos anos. Só em 2023, foram registados mais de 250.000.