O Governo demitiu o diretor nacional da PSP. Num comunicado interno a que a SIC teve acesso, o superintendente chefe José Barros Correia garante que a demissão foi unilateral, decidida pela ministra da Administração Interna. Barros Correia estava no cargo desde setembro e vai agora ser substituído por Luís Carrilho, comandante da Unidade Especial de Polícia. Bruno Pereira, porta-voz da Plataforma de Sindicatos da PSP e Associações da GNR, manifesta surpresa com esta demissão, tanto mais “que o ainda diretor nacional estava há muito pouco tempo no cargo, tinha pouco mais de oito meses a desempenhar as suas funções”.
“Foram oito meses de uma dedicação plena, de um oficial de mão cheia, um oficial leal e honrado que tudo fez enquanto esteve para valorizar aquilo que de mais importante, uma organização como a nossa tem, que são as pessoas”, começa por referir.
Bruno Pereira espera que agora a ministra da Administração Interna ou o primeiro-ministro expliquem o porquê desta demissão, “as razões que estiveram subjacentes à decisão política (…) até para que os polícias e não só percebam as reais dimensões”.
Em solidariedade com o superintendente chefe José Barros Correia, os agentes da PSP convocaram uma manifestação para esta terça-feira, às 20:00, em frente à Assembleia da República.
Demissão "não irá quebrar a vontade de ver a situação de justiça reposta"
O porta-voz da Plataforma de Sindicatos da PSP e Associações da GNR sublinha a importância de uma explicação por parte do Governo, tendo em conta o momento que a PSP atravessa.
“A manifestação aparentemente terá sido convocada de forma muito espontânea. É um ato de solidariedade dos polícias para com o seu diretor nacional, mostra bem a legitimidade, a força e a forma como os polícias encaravam o senhor diretor nacional, enquanto o primeiro dos polícias, enquanto o nosso líder, enquanto representante desta instituição. Estas instituições não se compadecem com mudanças a todo o tempo, precisam de estabilidade e precisão, ainda mais um momento num período tão determinante quanto este em que estamos a atravessar”, realça.
Contudo, Bruno Pereira diz também que a exoneração do diretor nacional da PSP não influencia o processo negocial em curso com o Governo.
"As negociações propriamente ditas são feitas com os sindicatos e, portanto, o diretor nacional ou a direção nacional terá sempre uma intervenção limitada e é com os sindicatos que neste momento se mantém naturalmente coesos à volta desta questão e, portanto, não será esta questão que irá quebrar esta coesão e esta vontade de ver a situação de justiça reposta", explica.
Luís Carrilho “terá um desafio hercúleo”
Quanto ao sucessor de Barros Correia, Bruno Pereira garante que “enquanto presidente do Sindicato Nacional das Polícias terá sempre o dever qualificado de apoiar qualquer oficial de polícia, seja ele qual for,” e da parte de Luís Carrilho espera “um envolvimento qualificado” para “o encargo tremendo que o espera”.
“Terá um desafio hercúleo e esperemos que os seus 37 anos de carreira possam fazer a diferença e possam fazer tanta diferença quanto a que o senhor diretor nacional, agora cessante, procurou fazer e procurar melhorar substancialmente aquilo que são as condições desta polícia”, conclui, em entrevista na SIC Notícias.