Cerca de 200 pessoas juntaram-se numa vigília contra o racismo, no Porto, em frente à junta de freguesia do Bonfim. O protesto foi convocado depois de um grupo organizado ter invadido uma casa e atacado uma dezena de imigrantes. Algumas das vítimas continuam internadas. O governo e Presidente da República condenaram o ataque.
Alam Shah Kazol é originário do Bangladesh e vive em Portugal há 32 anos. Admite que nunca viu um episódio de violência como o do passado sábado.
A gravação de telemóvel, a que o Jornal de Notícias teve acesso, mostra o nível de destruição de um andar na Rua do Bonfim, no Campo 24 de Agosto, no Porto.
Dez imigrantes argelinos e 1 venezuelano foram atacados por um grupo armado que invadiu a habitação com o intuito de espancar, destruir e proferir insultos racistas.
"Não há explicação para este tipo de reações. Não há nada que motive a justiça popular", afirma João Aguiar, presidente da junta de freguesia do Bonfim.
Nas últimas noites, foram agredidos e espancados pelo menos 15 trabalhadores e imigrantes de várias origens - Bangladesh, Argélia, Venezuela - tanto na rua, como dentro de casas, nas zonas da Batalha e do Campo 24 de Agosto.
Estes grupos organizados atuam sempre da mesma forma: encapuzados, armados com bastões, tacos de baseball e armas de fogo.
A motivação? Têm sido registados episódios de distúrbios e assaltos nestas zonas. E há quem acuse cidadãos estrangeiros de serem os autores.
E foi por não aceitar esta ideia, que o SOS Racismo marcou para este sábado à noite, em frente à junta de freguesia do Bonfim, uma vígilia em solidariedade com a comunidade imigrante.
O Presidente da República já condenou o ataque. Diz que as práticas de violência racial e xenófoba não têm lugar na sociedade portuguesa.
O mesmo fez Luís Montenegro e a ministra da Administração Interna, que reafirmam tolerância zero ao ódio.
Ao que o Diário de Notícias apurou, a PSP já identificou seis suspeitos deste ataque e deteve um outro, por posse ilegal de arma. São todos de nacionalidade portuguesa e há suspeitas de estarem ligados a movimentos de extrema-direita.