As Forças Armadas têm um problema: a dificuldade de ocupar os lugares que estão vagos nos quartéis. O regresso do serviço militar obrigatório volta a ser discutido, mas o novo ministro da Defesa põe de parte essa ideia. Para Nuno Melo, parte da solução pode estar nos jovens delinquentes, uma ideia que há muito tempo defende.
A ideia de Nuno Melo não está no programa eleitoral que a Aliança Democrática (AD) levou a votos nas últimas legislativas e o próprio ministro vem agora garantir que esta não é uma proposta do Governo. Em declarações ao jornal Público, Nuno Melo explica que a ideia foi apresentada para efeitos académicos e garante ainda que não tem o objetivo de transformar delinquentes em militares.
No entanto, ainda antes destas explicações, o assunto parecia estar a ganhar tração dentro do próprio Governo, face à concordância da ministra da Administração Interna, Margarida Blasco.
Nuno Melo olha para os jovens dos centros educativos como um possível caminho para resolver os problemas das Forças Armadas pelo menos desde 2022. Quando se candidatou à liderança do CDS, inscreveu na Moção de Estratégia Global a sugestão de as Forças Armadas celebrarem protocolos para a formação de jovens e regime de internamento.
Ideia está longe de ser consensual
As estruturas militares não gostam da proposta de Nuno Melo. O Presidente da República e o comandante supremo das forças Armadas recusam sequer entrar na discussão.
Na oposição, Chega e Iniciativa Liberal querem explicações de Nuno Melo no Parlamento.
O partido de André Ventura teme pela segurança dos jovens envolvidos e dos militares das forças armadas. Já Rui Rocha considera inenarrável a intenção de ter criminosos de pequeno delito a fazer serviço militar.