“Às 11 horas da noite batem na porta. Fui à varanda ver quem era e vi dois senhores, que disseram ‘viemos buscar a roupa de um homem que está preso’”. O homem era o pai de Ana, Manuel Gouveia, professor de Português e Latim, apanhado pela PIDE em 1948 durante a vaga repressiva para desmantelar a célula do PCP na Madeira.
Ana tinha 11 anos e percebeu cedo o que era ser preso político. Em casa, para sustentar a família, a mãe dava explicações às escondidas.
O pai, esse, foi enviado para Lisboa Manuel Gouveia fazia parte do PCP, tinha amigos e uma rede de apoio, mas para muitos presos políticos madeirenses a história foi diferente.