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Entrevista SIC Notícias

Militares descontentes admitem "até a manifestação, se tal vier a ser necessário"

"Erradamente se tem dito que os militares não se podem manifestar", diz o presidente da Associação Nacional de Sargentos, António Lima Coelho, em entrevista na SIC Notícias.

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Descontentes com o tratamento diferenciado entre as forças de segurança e o exército, os militares ameaçam com protestos se o Governo aumentar os subsídios da PSP e da GNR, sem mexer nos valores das tropas. Em entrevista na SIC Notícias, António Lima Coelho, presidente da Associação Nacional de Sargentos, deu mais detalhes sobre esta notícia avançada pelo Expresso.

“Nenhum cenário deverá ser posto de parte. Nenhuma situação deverá ser posta fora da equação”, garante o presidente da Associação de Sargentos que fala em mau estar dentro dos quarteis e num tratamento diferenciado.

Lima Coelho diz que todos os cenários de contestação podem estar em cima da mesa e que é entre os militares mais novos que há maior disponibilidade para assumir formas públicas de luta.


Há duas semanas, a Associa­ção de Oficiais das Forças Armadas esteve Belém, mostrou-se preocupada e fez um apelo ao Presidente da República para falar publicamente sobre os suplementos pagos às forças armadas.

“Aquilo que gostaria de transmitir é que os militares têm muita consciência daquilo que foi depositado nas suas mãos. Os cidadãos portugueses confiaram aos militares os meios letais para a defesa militar da República e os militares têm consciência disso e não entrarão em aventureirismos, porém, não deixarão de usar os mecanismos próprios, até a manifestação, se tal vier a ser necessário para demonstrar o seu mal estar, porque erradamente se tem dito que os militares não se podem manifestar, o que é errado”, esclarece o presidente da Associação Nacional de Sargentos.

Já o fizemos no passado e, se necessário, esperemos que não, tal poderá voltar a ser equacionado dentro daquilo que é o enquadramento legal que nos permite tais atos", acrescenta.

Lima Coelho não questiona a justiça da extensão do subsídio da PJ às outras forças de segurança , mas alerta para “a contínua existência de um regime remuneratório elitista, classista e absolutamente obsoleto, pois entrou em vigor em janeiro de 2010 e daí para cá, tirando alguns pontuais remendos, nunca foi devidamente revisto, revalorizado, atualizado e os militares estão confrontados com as mesmas situações de grande dificuldade que os demais portugueses”.

O presidente da Associação Nacional de Sargentos dá conta de dificuldades que se traduzem na desmotivação generalizada dos militares que “continuam sem ver a devida atualização, revalorização” e destaca a situação de “um pequeno grupo de militares que tem sensível missão da inativação de engenhos explosivos e que há quase quatro décadas continuam por ver reconhecido e publicado um subsídio inerente a essa situação”.

Em relação às exigências feitas pelos militares, o presidente da Associação de Sargentos diz que “são aquelas que sucessivos poderes políticos têm tido conhecimento, sucessivos grupos parlamentares e inclusive na Comissão de Defesa”.

“Tivemos oportunidade de apresentar e explicar minuciosamente as propostas para a valorização do regime remuneratório dos militares e o que vemos é que sucessivos governos continuam a usar e a usufruir do bom exercício dos militares para que tenham no plano internacional uma boa imagem, esquecendo-se depois de tratar dentro do território, tratar convenientemente aqueles que no exterior lhes permitem ter essa boa imagem e isto é profundamente sentido”, lamenta Lima Coelho.

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