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Há limite para os protestos dos polícias? O que pensam os partidos

Polícias e guardas foram muito criticados depois de terem bloqueado os acessos ao Capitólio, durante o principal debate antes das eleições. Mas o que pensam os líderes partidários sobre o tema? Todos se mostram abertos a negociar, mas há diferenças no discurso.

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Têm dado que falar as manifestações das polícias. Depois de vários protestos nas últimas semanas, as forças de segurança juntaram-se à porta do Capitólio, bloqueando os acessos, durante o debate entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro. O que pensam os partidos sobre o tema? Deve haver algum limite para as ações?

Luís Montenegro, que numa primeira reação alegou não se ter sentido “intimidado” no Capitólio, diz agora que “ninguém está acima da lei”.

"Se há dúvidas sobre o cumprimento da legalidade, reitero que ninguém está acima da lei. Se houve - eu não sei se houve - de alguma maneira um exorbitar daquilo que era a legalidade da manifestação que estava prevista, deve ser indagado e acho muito bem que se abra um inquérito”, afirma o líder do PSD e cabeça da Aliança Democrática (AD).

No mesmo sentido, o líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, clarifica que a “insatisfação [dos polícias] se deve pronunciar dentro da legalidade”. Já Inês Sousa Real, do PAN, frisa que as manifestações “são mais do que justas”, mas “não devem ser contaminadas por ações que possam descredibilizar o próprio movimento”.

Polícias e guardas foram muito criticados depois de terem bloqueado os acessos ao Capitólio, mas garantem não ser essa a razão pela qual arrefecem agora a contestação - só voltam a protestar depois das eleições legislativas, que levam os portugueses às urnas no dia 10 de março.

Ainda durante o debate com Luís Montenegro, Pedro Nuno Santos afirmou que está disponível para negociar com as forças de segurança, mas “não sob coação”.

Ventura acusa Pedro Nuno de “amnésia”

O líder do Chega sai em defesa das polícias e mostra-se “100% convicto” de que os profissionais vão “cumprir tudo democraticamente”. Recorde-se que, em entrevista à SIC Notícias, o presidente do Sindicato Nacional da Polícia ameaçou um boicote às eleições legislativas, dando um passo atrás posteriormente.

“A polícia está a fazer o seu trabalho. E os partidos tem duas opções: ou comprometem-se com isso ou vão continuar a aumentar este clima de espezinhamento. Tenho 100% de convicção de que as polícias vão manter a ordem pública intacta e vão cumprir tudo democraticamente, mas cabe também aos partidos fazerem o seu trabalho”, atira André Ventura.

Ventura aproveitou ainda para criticar os dois líderes partidários que surgem à sua frente nas sondagens: Pedro Nuno Santos, que está com “amnésia”, e Luís Montenegro, que “não se compromete com nada”.

“Acho que Pedro Nuno Santos está com um problema de amnésia e devia de tomar alguns comprimidos para isso. Está a esquecer-se de tudo o que defendeu enquanto ministro e de tudo o que fez no Parlamento. Como é que agora diz que vai fazer o que não fez enquanto era deputado? Sobre Montenegro, já não espero grande coisa".

O que pensa a Esquerda?

Os partidos de esquerda manifestaram-se praticamente em uníssono. Todos se mostram solidários com os protestos das forças de segurança, mas traçam um limite para a atuação dos profissionais - algo que a direita democrática também fez agora.

Rui Tavares explica que toda e qualquer manifestação deve respeitar duas coisas “sagradas”.

“Os polícias têm o direito de orientar as suas formas de luta, como todos nós, adequando os fins aos meios e respeitando aquilo que para todos deve ser sagrado: o Estado de direito e a democracia”, diz o porta-voz do Livre.

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, faz a mesma ressalva, mas afirma que os polícias “têm razão" e "o Governo já devia ter resolvido esse problema”.

É legítimo que se manifestem, mas isso não pode pôr em causa nem condicionar o debate democrático", frisa a líder do BE.

Paulo Raimundo, do Partido Comunista Português (PCP), diz compreender as reivindicações e deixa claro que “é preciso ter em conta essas matérias na campanha eleitoral". ”Da nossa parte não vão ficar fora".

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