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Casal de bombeiros com bebé de um ano (sobre)vive sem salário desde outubro

Um casal com um bebé de um ano vive há quase três meses no quartel de bombeiros da Ajuda. A falta de pagamento dos salários deixou, entretanto, mais três operacionais sem casa, que passaram também a dormir no quartel.

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Sem receber o ordenado por inteiro desde outubro, Manuel - nome fictício - e a mulher, os dois bombeiros, vivem há quase três meses, com o filho de um ano, no quartel da Ajuda.

“Temos despesas para pagar, casas arrendadas, contas de luz e água, que foram deixando de ser pagas”, conta Manuel à SIC.

Por enquanto, ainda conseguem pagar a creche do filho, mas essa é mesmo a única despesa que conseguem suportar.

"Desde novembro que não nos pagam os salários, em novembro no dia 15 ou 10, foi-nos dado 300 euros do nosso salário, supostamente de uma fundação que ajudou os bombeiros, e desde aí não sabemos mais o que se passou”.

O que se passa?

Quinze bombeiros já suspenderam os contratos. Em causa estará um litígio judicial entre a construtora que requalificou o quartel e a corporação, por alegada falta de pagamento, que levou a que as contas fossem congeladas.

Em comunicado, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Ajuda admite dificuldades financeiras e explica que, por ser uma associação sem fins lucrativos, esperava por parte da Autoridade Tributária a devolução do IVA pago durante a obra e contava com esse valor para pagar a última fatura.

Mas o Fisco levantou problemas e a associação não conseguiu pagar ao empreiteiro. As contas foram congeladas e os salários ficaram por pagar.

A associação diz que estão reunidas as condições para retomar, faseadamente, a atividade, mas não se compromete com datas para repor os pagamentos em atraso.

Até lá, a família de Manuel e mais três outros bombeiros continuam a dormir no quartel da Ajuda.

“Todos nós que vivemos aqui candidatamo-nos às casas sociais, ao apoio social. Estamos à espera de respostas e vamos continuar à espera de respostas, esperando ter alguma solução.”

Contactada pela SIC, a Câmara Municipal de Lisboa explica que está legalmente impossibilitada de assumir as dívidas de uma entidade privada. Mas diz que em 2022 aprovou um apoio de 200 mil euros aos bombeiros da Ajuda, precisamente para ajudar na requalificação do quartel.

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