Três antigos primeiros-ministros estão a ser ouvidos esta terça-feira em tribunal no âmbito do caso EDP. José Manuel Durão Barroso e Pedro Passos Coelho já falaram, José Sócrates é ouvido esta tarde.
Durão Barroso foi o primeiro a chegar. Chamado pela defesa de Manuel Pinho, corroborou que não seria possível, em 2004, prever a queda inesperada do Governo do PSD e a subida ao poder do PS, com Manuel Pinho a ministro da Economia.
“É absolutamente impensável. Não há nenhum génio político que, em março de 2004, pudesse antever o que a pessoa A ou B fizesse no Governo a seguir. Nem eu próprio podia saber. (...) Prestei os esclarecimentos, não vou acrescentar mais nada”, disse o antigo primeiro-ministro.
O Ministério Público acredita que, a partir de 2005, Manuel Pinho foi um agente infiltrado de Ricardo Salgado no Governo de José Sócrates.
Pinho diz que o dinheiro que recebeu do Grupo Espírito Santo, enquanto foi ministro, dizia respeito a prémios de trabalho que tinham de ser pagos e que, ao contrário do que o Ministério Público tenta provar, foram acordados numa altura em que seria impossível prever um convite para o Governo.
“Não fiquei nem triste nem contente, compreenda que não queira dizer nada”, disse.
Depois de Manuel Pinho deixar o Governo, Passos Coelho foi primeiro-ministro entre 2011 e 2015. Chegou ao Campus da Justiça sem perceber porque tinha sido chamado.
“Não tenho conhecimento de nada em que o meu testemunho possa ser interessante tão-pouco, mas não me cabe a mim ajuizar, cabe ao Tribunal.”
Apesar de não ter feito parte desse Governo, foi questionado sobre a forma de aprovação do selo de projetos de interesse nacional - as duas herdades da Composta e do Pinheiro - para beneficiar os interesses de Ricardo Salgado.
“Não via os PIN como uma autoestrada para aprovações."
Manuel Pinho foi ministro entre 2005 e 2009. O primeiro-ministro era José Sócrates. Estão em causa possíveis crimes de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais.