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Análise

Protestos de ativistas em Lisboa foram "exagerados e excessivos", entende Associação Zero

Francisco Ferreira, presidente da associação ambientalista, entende que os protestos climáticos devem ser feitos "com conta, peso e medida" para que não percam "a credibilidade".

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Francisco Ferreira, presidente da associação ambientalista Zero, comenta e analisa as mais recentes ações de protesto levadas a cabo, em Lisboa, por jovens ativistas ao longo desta semana.

Esta terça-feira, o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, foi atacado com tinta verde durante a CNN Portugal Summit, evento que decorre em Lisboa, por duas ativistas climáticas.

Já esta quarta-feira, outro grupo de ativistas pelo clima atirou tinta vermelha contra a fachada da FIL, em Lisboa, onde decorre o evento World Aviation Festival.

Antes de se debruçar sobre estes dois acontecimentos, Francisco Ferreira relembra que a refinaria da Galp, em Sines, é o maior poluidor do país e que a EDP só se compromete a abandonar os combustíveis fósseis, em 2030. Aponta também que o Governo deve fazer mais nesta matéria.

Ações de protesto foram “exageradas e excessivas”

Acerca dos mais recentes protestos, o presidente da associação refere os mesmos "podem ser contraproducentes".

"[As ações de protesto] São, efetivamente, em grande parte justificadas, mas exageradas e excessivas. Nós queremos que toda a população se sinta unida para nós conseguirmos do ponto de vista político, da atuação das empresas e dos cidadãos reduzir as emissões, o que é uma emergência reconhecida", afirma.

Relativamente a estas formas de protesto, Francisco Ferreira assinala que existem várias organizações que optam por diferentes vias para atingir os mesmos fins.

Atos como estes podem começar a ser frequentes?

Questionado sobre a possibilidade de protestos mais radicais passarem a ser frequentes em Portugal, o presidente da Zero dá o exemplo do que ocorreu noutras nações:

"Há vários casos noutros países em que estes protestos acabaram por ser abandonados, precisamente porque, feito o balanço, chegou-se à conclusão de que eles acabavam por dividir mais do que unir".

Prossegue dizendo que o ponto positivo destas ações se prende com o facto de as mesmas servirem "para nos focarem nos problemas do clima". Acrescenta que a aviação é um desses problemas, uma vez que representa cerca de 4% das emissões na Europa e não paga impostos.

Vinca que alertas como os mais recentes protagonizados por jovens ativistas "são pertinentes", mas frisa que "a forma de ação é, por muitos, considerada exagerada". Opinião essa que a Zero partilha, garante.

"[A forma de ação] Deve ser feita com conta, peso e medida para que estas chamadas de atenção não percam a credibilidade necessária para a ação de todos", reforça.

Portugueses levam países a tribunal

Seis jovens de Portugal vão defender e expor argumentos no sentido de demonstrar que os governos de toda a Europa não estão a fazer o suficiente para proteger as pessoas dos danos causados pelas alterações climáticas.

O caso vai decorrer no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos no mais recente e maior caso de ativistas que levam governos a instâncias judiais para forçar uma ação climática.

Quanto a este caso, Francisco Ferreira informa que a Zero e a rede europeia de Ação Climática ajudaram os jovens em questão "no sentido de terem argumentos para poderem utilizar no Tribunal Europeu".

"Há razões do ponto de vista científico, técnico e político para a queixa destes jovens e, além disso, porque o que nós estamos a ver dos dados mais recentes é que, infelizmente, as nossas emissões, nomeadamente em Portugal no setor dos transportes, aumentaram 6,2% entre a pré-pandemia e julho de 2023", afirma.

Caso os países sejam condenados, o Tribunal pode vir a entender que é necessário adotar legislações “para se aplicar uma ambição climática muito maior”. Francisco Ferreira espera, assim, que os juízes do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos condenem as 32 nações.

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