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Boaventura de Sousa Santos e Bruno Sena Martins suspensos de todos os cargos no CES

O Centro de Estudos Sociais informa durante “até ao apuramento de conclusões”, Boaventura de Sousa Santos e Bruno Sena Martins ficam suspensos de todos os cargos que ocupavam na instituição. Pouco depois de ter sido afastado, o professor catedrático disse que se autoafastou.

Boaventura de Sousa Santos e Bruno Sena Martins suspensos de todos os cargos no CES
Gonçalo Rosa da Silva

A Direção e Presidência do Conselho Científico do Centro de Estudos Sociais (CES) refere, em comunicado, que o professor catedrático e sociólogo Boaventura de Sousa Santos e o professor Bruno Sena Martins foram “suspensos de todos os cargos” até que a comissão independente criada pela instituição apure todos os factos e chegue a conclusões.

“O CES está a constituir uma comissão independente para averiguação das ocorrências descritas no referido capítulo. Durante este processo e até ao apuramento de conclusões, o CES informa que Boaventura de Sousa Santos e Bruno Sena Martins se encontram suspensos de todos os cargos que ocupavam”, lê-se no comunicado publicado no site do CES.

Porém, ao início da noite, Boaventura de Sousa Santos enviou uma nota às redações a anunciar que se afastou depois de ser afastado: “Compreendendo a necessidade de que tudo venha a ser esclarecido com rigor, tomei a decisão de me autoafastar das atividades do CES”, lê-se no curto comunicado. Já depois deste esclarecido, o próprio CES divulgou um novo comunicado no qual diz que, afinal, “a suspensão dos mesmos”, ou seja, Boaventura de Sousa Santos e o professor Bruno Sena Martins, foi “solicitada pelos próprios”.

Esclarecida a questão da suspensão, o CES refere que apesar de respeitar “o direito de resposta individual (…) demarca-se de todas as posições assumidas publicamente" quer por Boaventura de Sousa Santos, quer por Bruno Sena Martins, “nomeadamente no que respeita à intenção de avançar judicialmente contra as autoras do capítulo do livro 'Sexual Misconduct in Academia – Informing an Ethics of Care in the University'”.

Neste comunicado, o CES lembra que desde 2021, quando a Provedoria iniciou a sua atividade, recebeu apenas “duas queixas”, sendo que “nenhuma delas por assédio moral ou sexual”. Além disso, pode ler-se, “os atuais membros dos órgãos de gestão declaram que não têm conhecimento de tentativas de averiguação ou ocultação de eventuais condutas inadequadas que tenham ocorrido no passado”.

Sublinhado que “eventuais casos de conduta inadequada ou não ética não refletem a cultura de trabalho do CES como um todo", a intuição assegura que “mantém o compromisso com a sua missão de defesa dos direitos humanos e com o dever de transparência, proteção e justiça para com todas as pessoas que fazem parte da sua comunidade”.

O "primeiro momento de reflexão"

Antes da publicação deste comunicado, a SIC Notícias avançou com aquela que será a primeira iniciativa no sentido de "proteger quem possa sentir-se de alguma forma lesada/o, garantindo que tem um acompanhamento justo e transparente”. Por email, o CES convidou os estudantes para uma reunião na próxima segunda-feira.

"Este é um primeiro momento de reflexão, mas prevemos que, no futuro próximo, possamos vir a chamar outras/os estudantes para um encontro mais alargado”, sustenta o CES.

A instituição, que foi dirigida por Boaventura e à qual pertenceram as três investigadoras, relembra também os canais através dos quais é possível fazer denúncias ou queixas: através do MyCES ou via e-mail, através do endereço doutoramentos@ces.uc.pt

[Notícia atualizada às 20:56 com comunicado de Boaventura de Sousa Santos]

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