Mundo

Análise

Ofensiva em Rafah "é um passo atrás no caminho da paz"

Pedro Cordeiro, editor de Internacional do Expresso, analisa os últimos desenvolvimentos do conflito no Médio Oriente, numa altura em que Israel avança com a operação em Rafah.

Loading...

O exército de Israel anunciou ter assumido o "controlo operacional" do lado da Faixa de Gaza da passagem fronteiriça com o Egito em Rafah, no sul do enclave. A passagem de Rafah, situada a sul da cidade de Gaza, foi tomada por tanques israelitas que fazem parte de uma brigada blindada, disseram as Forças de Defesa de Israel e autoridades palestinianas. Pedro Cordeiro diz que a pressão diplomática “terá servido para atrasar um pouco a intervenção, não para impedi-la”.

O Rei da Jordânia diz que a ofensiva em Rafah vai levar a novo massacre de palestinianos em Gaza e pede à comunidade internacional que tome ações urgentes para evitar a escalada do conflito. O apelo foi feito ao Presidente dos EUA, que voltou a pressionar Israel, mas sem sucesso. A operação em Rafah avançou quando milhares de palestinianos celebravam a notícia de um possível acordo de cessar-fogo.

“Isto é o contrário de um cessar-fogo, isto é um expandir da ofensiva, é um agravar do conflito e, como infelizmente não há maneira de contrariar a triste previsão do Rei da Jordânia sobre a sorte dos civis que vivem naquelas zona, o que temos aqui é um passo atrás para aqueles que querem encontrar o caminho da paz”, considera editor de Internacional do jornal Expresso.

Imagens transmitidas pela imprensa israelita mostram uma bandeira de Israel hasteada no lado de Gaza da fronteira. O exército israelita disse que assumiu o controlo da passagem depois de receber informações de que estava "a ser usada para fins terroristas" pelo Hamas, embora sem fornecer quaisquer provas.

O The Wall Street Journal avança que os EUA dão um passo atrás no que diz respeito ao envio de armas de precisão para Israel. Na opinião de Pedro Cordeiro esse recuo não significará um passo atrás no apoio geral dado pelos EUA a Israel, mas é um precedente.

“É um dado importante que os EUA recuem num envio planeado de equipamento militar para Israel. É muito sintomático, é evidentemente um sinal de preocupação e desagrado, é também uma forma de tentar continuar a exercer certa pressão diplomática para travar a mão a Israel para que Israel faça as coisas de outra forma”, explica.

Em relação ao acordo Israel-Hamas, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, através da rede social X, disse durante a noite que iria ser enviada uma delegação israelita ao Egito, precisamente para negociar a possibilidade de acordo e toda a abrangência que envolve o plano que tinha sido divulgado pelos órgãos de comunicação israelitas. Apesar deste anúncio, Israel avança com operação em Rafah.

“Parece muito contraditório. Pode haver aqui uma tentativa, por um lado, de mandar a delegação, mas ao mesmo tempo exercer pressão militar, negociar numa posição de maior força porque Israel tomou posições que estavam controladas antes pelo Hamas. Pode ser uma forma de ganhar posição negocial nessas conversações ou pode ser apenas uma estratégia dupla em que não abdicando da diplomacia, não desistindo completamente da via diplomática, enquanto ela não dá frutos, Israel vai prosseguindo com a sua ação de guerra”, admite Pedro Cordeiro.


Últimas notícias
Mais Vistos
Mais Vistos do