Mundo

Da Shein à Temu: como a fast fashion está a criar problemas ao transporte aéreo de carga

Gigantes chinesas fazem envios diários de centenas de toneladas. O setor do transporte aéreo queixa-se de falta de capacidade e fala em insustentabilidade.

Da Shein à Temu: como a fast fashion está a criar problemas ao transporte aéreo de carga
Richard Drew/AP Photo

O mercado da fast fashion está a agitar a indústria do transporte aéreo de carga. A ascensão relâmpago de retalhistas do comércio online, como as chinesas Shein e Temu, está a causar problemas na capacidade de transporte internacional por via aérea, conta a agência Reuters.

Estas marcas, que atraem os consumidores com preços mínimos e entregas em tempo reduzido, estão a sobrecarregar o limitado espaço de carga aérea disponível.

A maioria dos produtos destas empresas de fast fashion é enviada diretamente de fábricas na China, por via aérea, em pacotes individuais para cada compra.

Os números

Só para os Estados Unidos da América, a Shein e a Temu, juntas, enviam, por dia, quase 600.000 pacotes com encomendas, de acordo com dados de um relatório, elaborado no último ano, pelo Congresso dos Estados Unidos, citado pela Reuters.

De acordo com a Cargo Facts Consulting, que monitoriza a logística aérea, a Temu envia à volta de 4000 toneladas por dia e a Shein 5000 toneladas. A estas juntam-se cerca de mil toneladas diárias da Alibaba e 800 toneladas da loja do TikTok. Tudo somado, o equivalente à carga de 108 Boeing 777, por dia.

A fast fashion ocupa metade dos envios transfronteiriços de comércio eletrónico da China e um terço da capacidade global dos aviões de carga de longo curso – deixando pouco espaço para outras indústrias nos aviões de carga aérea, o que se torna particularmente problemático numa altura de disrupções no Mar Vermelho, em que se procuram alternativas logísticas.

Um problema de sustentabilidade

Os custos do frete aéreo para regiões asiáticas estão também, consequentemente, a aumentar, com o setor a queixar-se do desaparecimento da época baixa.

O uso dos voos pelas marcas de fast fashion tem aumentado ainda mais desde o último ano, dizem à Reuters várias fontes do setor, que afirmam que este crescimento não será sustentável, quer a nível de receitas, quer a nível ambiental.

Ouvidas pela Reuters, a Shein afirmou apenas que está a “trabalhar continuamente para garantir eficiência e a melhor experiência aos clientes”, enquanto Temu garantiu que está “à procura de vendedores sediados nos Estados Unidos da América e na Europa”, para reduzir as distâncias e tempos de entrega.

Últimas notícias
Mais Vistos
Mais Vistos do