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"Falta o ponto zero": polícia não exclui que ossos de Émile possam ter estado sempre no local onde foram encontrados

O crânio da criança terá sido encontrado numa área perto da vila de Haut-Vernet. Os investigadores não excluem que os ossos possam ter estado sempre na área onde foram encontrados, e não terem sido descobertos mais cedo devido à intensa vegetação no terreno.

"Falta o ponto zero": polícia não exclui que ossos de Émile possam ter estado sempre no local onde foram encontrados
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Os ossos de Émile, desaparecido desde 8 de julho de 2023, foram descobertos no passado sábado, dia 30 de março, e as autoridades vão agora tentar determinar a causa da morte do menino de dois anos. Em entrevista ao canal francês BFMTV, o ex-diretor do instituto de investigação criminal da Guarda Nacional Francesa defende a necessidade de desvendar o “ponto zero” da causa da morte da criança.

Os restos mortais foram encontrados no sábado perto de Haut-Vernet, localidade onde a criança foi vista pela última vez em julho do ano passado, e as análises confirmaram no passado domingo que pertencem a Émile.

A principal questão que ainda está por esclarecer, segundo o ex-diretor do instituto de investigação criminal, remete para o “ponto zero” do desaparecimento da criança.

Só após desvendado este ponto inicial, é possível perceber se o crânio foi deslocado naturalmente para o local onde foi encontrado, ou se com intervenção humana, ou até mesmo de um animal.

“Falta o ponto zero, onde está o número máximo de ossos, o local onde a criança caiu ou foi colocada”, indica o ex-diretor do instituto de investigação criminal da Guarda Nacional Francesa (IRCGN), François Daoust.

O crânio da criança terá sido encontrado numa área localizada "a pouco mais de um quilómetro em linha reta" da vila de Haut-Vernet.

Terreno acidentado

Os investigadores não excluem que os ossos possam ter estado sempre na área onde foram encontrados, e não terem sido descobertos mais cedo devido à intensa vegetação no terreno, que por si só é acidentado.

“Potencialmente poderíamos não ter conseguido detetar esta presença devido ao terreno irregular e ao facto de ser verão e a vegetação ser densa”, sublinhou a porta-voz da Guarda Nacional Francesa, que não exclui qualquer hipótese.

Acrescenta ainda: “Pode ter havido intervenção humana, de um animal ou condições climáticas que tenham alterado o terreno.”

“É perfeitamente possível enganar as câmaras térmicas com ravinas, zonas acidentadas no terreno, zonas de diferentes temperaturas, cavidades” acrescenta François Daoust.

François Daoust acrescenta que “não é impossível" que o menino de dois anos e meio tenha percorrido esta distância a pé.

“Às vezes temos surpresas durante a investigação sobre desaparecimentos de distâncias que podem ter sido percorridas por idosos doentes ou por crianças, por isso nada deveria ser considerado impossível a priori", explica o ex-diretor do instituto de investigação criminal, que refere que a criança estava habituada a passear pelas montanhas com os tios.

Análises e estudos ao terreno

“Antes de imaginar uma mão humana, podemos imaginar o mau tempo, a inclinação, o vento, um animal poderia empurrar esse fragmento ósseo que pesa apenas algumas centenas de gramas”, acrescenta o médico legista, Bernard Marc.

O especialista, que é simultaneamente chefe do departamento do médico do Grand Hôpital de l'Est Francilien, explica que devem ser feitas análises para saber se esse crânio se movimentou ou se foi deslocado. Estes estudos incluem análises da terra ao redor da ossada, para descobrir se o corpo se decompôs aqui e da terra no crânio, que poderia, inversamente, vir de outro lugar.

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