Abusos na Igreja Católica

Presidente Marcelo esclarece (ou não) declaração polémica sobre abusos na Igreja

Após a declaração que gerou uma onda de indignação e críticas, o Presidente Marcelo publicou uma nota no site da Presidência, mas pouco ou nada acrescentou.

Presidente Marcelo esclarece (ou não) declaração polémica sobre abusos na Igreja
Andressa Anholete

O Presidente da República publicou, ao início da noite desta terça-feira, uma nota no site da Presidência, na qual parece querer justificar a declaração que fez esta tarde ao não considerar “particularmente elevado” os 424 testemunhos de abusos sexuais na Igreja Católica, que chegaram à Comissão Independente.

A explicação de Marcelo é agora, horas depois da dita declaração ter gerado polémica, que “infelizmente terá havido (…) números muito superiores”.

“O Presidente da República sublinha, mais uma vez, a importância dos trabalhos desta Comissão, muito embora lamente que não lhe tenham sido efetuados mais testemunhos, pois este número não parece particularmente elevado face à provável triste realidade, quer em Portugal, quer pelo Mundo”, lê-se na nota.

Este é o parágrafo que na nota da Presidência justifica, ou pelo menos tenta esclarecer, a declaração feita esta tarde aos jornalistas e que gerou uma onda de contestação, na qual participaram vários partidos.

A nota da Presidência refere ainda que o chefe de Estado “espera que os casos possam ser rapidamente traduzidos em Justiça”, vincando que “continuará a promover e apoiar todos os esforços para que os abusadores sejam responsabilizados e afastados de qualquer situação que possa permitir a reincidência nestes comportamentos, seja no seio da Igreja Católica, ou em qualquer outra situação”.

Mas, afinal, o que se passou?

Ao final da manhã de hoje, a Comissão Independente, que está a investigar denúncias de casos de abusos sexuais de menores na Igreja Católica portuguesa fez um novo balanço, dando conta de que há 424 depoimentos em análise, alguns dos quais já no Ministério Público ou a caminho.

Já durante a tarde, à margem de um evento no Palácio de Belém, Marcelo foi questionado pelos jornalistas sobre se o número o surpreende, tendo respondido assim:

"Há queixas que vêm de pessoas de 90/80 anos que denunciam o que sofreram há 60, 70 ou 80 anos. O que significa que estamos perante um universo de milhões de jovens ou muitas centenas de milhares de jovens que se relacionam com a Igreja Católica, pelo que haver 400 casos não me parece particularmente elevado. Noutros países e com horizontes mais pequenos houve milhares de casos”

O Bloco de Esquerda, pela voz do líder parlamentar Pedro Filipe Soares foi o primeiro a criticar, classificando as palavras de Marcelo “como um insulto às vítimas”. Indignação que depressa se estendeu a outros partidos.

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