Abusos na Igreja Católica

Declaração polémica sobre abusos na Igreja? “Fui mal interpretado, mas não percebo porquê”

Em entrevista à SIC Notícias, o Presidente Marcelo esclareceu o que quis dizer sobre os crimes de abuso sexual na Igreja.

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Marcelo Rebelo de Sousa afirmou, em entrevista à SIC Notícias, que as suas declarações sobre os 424 testemunhos de abusos sexuais na Igreja Católica foram “mal interpretadas”, mas que continua sem perceber porquê.

“Já percebi que de facto foi mal interpretado o que eu disse, não percebo bem porquê, mas as pessoas têm todo o direito de não entender”, começou por dizer.

De seguida, o Presidente da República fez questão de sublinhar que os crimes de abuso na Igreja são uma “realidade grave” e que “basta haver um caso para ser grave”. Esclareceu ainda que continua a achar 400 casos “pouco” e explica porquê.

“A minha convicção é que são muito mais. Quando acho que os casos são poucos é porque acho que os casos deviam ser mais de acordo com a realidade portuguesa”, explica.

Questionado sobre se deve um pedido de desculpas, como reivindicado pelos partidos, o Presidente Marcelo diz apenas que respeita essa opinião, mas que em democracia “aceita-se a crítica e ninguém pode ficar amuado ou ferido com isso”.

Rejeita ainda que o episódio o deixe fragilizado politicamente.

Mas, afinal, o que se passou?

Ao final da manhã de hoje, a Comissão Independente, que está a investigar denúncias de casos de abusos sexuais de menores na Igreja Católica portuguesa fez um novo balanço, dando conta de que há 424 depoimentos em análise, alguns dos quais já no Ministério Público ou a caminho.

Já durante a tarde, à margem de um evento no Palácio de Belém, Marcelo foi questionado pelos jornalistas sobre se o número o surpreende, tendo respondido assim:

"Há queixas que vem de pessoas de 90/80 anos que denunciam o que sofreram há 60, 70 ou 80 anos. O que significa que estamos perante um universo de milhões de jovens ou muitas centenas de milhares de jovens que se relacionam com a Igreja Católica, pelo que haver 400 casos não me parece particularmente elevado. Noutros países e com horizontes mais pequenos houve milhares de casos”

O Bloco de Esquerda, pela voz do líder parlamentar Pedro Filipe Soares foi o primeiro a criticar, classificando as palavras de Marcelo “como um insulto às vítimas”. Indignação que depressa se estendeu a outros partidos.

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