No final de março, o gigante dinamarquês Ecco anunciou o despedimento de mais de 50 funcionários, juntando-se aos 42 que no ano passado também perderam o emprego.
Em São João da Madeira e no concelho vizinho de Santa Maria da Feira, num ano, houve cerca de mil despedimentos em empresas de calçado. Entre as que fecharam e as que têm salários em atraso, Fernanda Moreira, do sindicato, conta 25 empresas só nestes dois concelhos. Mas há também exemplos em Felgueiras e em Seia. A falta de encomendas é uma pedra no sapato dos empresários.
“As que estão em layoff estão a tentar assegurar para não encerrar. As que já têm salários em atraso, a situação é um bocadinho mais complicada, porque cada mês que passa, a situação ainda se complica mais”, explicou, à SIC, Fernanda Moreira, do Sindicato Nacional dos Profissionais da Indústria e Comércio de Calçado, Malas e Afins (SNPIC).
Os números do IEFP de fevereiro mostram que na indústria do couro, o desemprego disparou, pressionado pelo setor calçado, onde o aumento foi superior a 85% num ano, resultando na perda de quase 2 mil trabalhadores.
O setor dos curtumes emprega 2 mil pessoas e tem no calçado o principal cliente, mas está a caminhar para a estagnação. Pandemia, guerra e inflação são as justificações para as dificuldades que o setor atravessa.