Com a ajuda da família de João Abel Manta, a exposição que chega esta sexta-feira ao Palácio Anjos, em Algés, mostra as várias dimensões de um só artista.
Reconhecido pelos cartoons, a neta, Mariana Manta Aires, conta que o avô deseja que o público conheça mais do que isso. Por isso, trouxe obras inéditas ou raramente mostradas. Como cartazes feitos para cinema, tapeçarias de 1969 que só foram expostas nessa altura e azulejos. Há até um painel que envolveu o trabalho de duas gerações da família.
Mariana conta: "já conhecia as caixas que lá estavam de azulejos antigos, mas rasguei aquela e percebi que eram da avenida Calouste Goulbenkian que eu sempre adorei. Com base em recortes e em cartas que também andei a organizar fui falar com ele. Pedi-lhe a opinião até que ele disse: está tudo bem, perfeito, não mexas mais." E assim surgiu aquela a que chama "a minha interpretação do mural do meu avô".
As obras mais icónicas daquele que é considerado um dos maiores artistas gráficos ao serviço dos portugueses durante a ditadura, também fazem parte da exposição. Como um poster que lhe valeu, em 1972, um processo por abuso de liberdade de imprensa na forma de ofensa à bandeira portuguesa.
O curador acrescenta, em entrevista à SIC: "ele sempre viu o trabalho de cartoonista como uma missão política. Estética, ao mesmo tempo, em que ele inovou, praticamente, o desenho de imprensa, mas política. Logo nunca, por exemplo, exigiu pagamento. Aquele trabalho entre 69 e 74 foi feito para um público que estava manietado, não é?".
Para além dos trabalhos, também é possível conhecer a história de João Abel Manta. A liberdade do artista lembra a que foi conquistada no 25 de Abril. "João Abel Manta Livre" é para descobrir no Palácio Anjos, em Algés, até ao dia 20 de dezembro.