Quem olha para os céus de Rafah durante a última noite, quase aposta que Israel já deu início à ofensiva em larga escala. Oficialmente não deu, mas intensificou os ataques à cidade, para onde foram deslocados, e onde estão encurralados mais de um milhão de palestinianos.
À luz do dia, mais perto, percebe-se melhor os efeitos. Telavive não quer saber da resolução da ONU e não vai cumprir quaisquer tréguas até ao fim do Ramadão.
"Que cessar-fogo? Não há cessar-fogo. Pessoas foram mortas em Rafah e Khan Younes hoje, e houve ataques a bomba em todos os lugares. Esperávamos ver um cessar-fogo para que pudéssemos voltar para casa. Não há cessar-fogo algum . Bombardeios estão a ocorrer em todos os lugares desde manhã", disse Omar Saeed , um deslocado palestiniano.
Além de reforçar os ataques, o exército israelita veio também anunciar, que matou há duas semanas, três dos principais dirigentes do Hamas, responsáveis pelo massacre de dia 7 de outubro.
"Eles foram mortos num ataque complexo e preciso, baseado na inteligência do exército e no Shin Bet, que cooperaram em conjunto com as excelentes capacidades operacionais das forças aéreas. Continuaremos os nossos esforços supremos para caçar e alcançar os líderes do Hamas", garantiu Daniel Hagari, porta-voz do exército de Israel.
O anúncio de Israel, 15 dias depois do ataque, é também mais um sinal para os EUA, que através da abstenção, permitiram que as Nações Unidas aprovassem a resolução a exigir um cessar fogo.
Num progressivo afastamento de Israel, Joe Biden admitiu entretanto que é preciso fazer mais pelos civis palestinianos. Foi num comício de campanha, na Carolina do Norte, onde estava a discursar sobre os cuidados de saúde necessários nos estados unidos.
"Todo o mundo merece cuidados de saúde", garantiu Joe Biden, acrescentado "temos de dar muito mais ajuda a Gaza."
Com Israel cada vez mais isolado, o Qatar insiste que um cessar-fogo ainda é possível.
"As negociações estão em andamento, os esforços estão em andamento e isso, por si só, é certamente uma coisa boa. Como eu disse, não tenho nenhuma atualização sobre os cronogramas de como podemos avaliar o otimismo sobre a situação atual, mas continuamos esperançosos", disse Majed Al-Ansari, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.
Esperança e otimismo é tudo o que há muito já desapareceu por aqui.