O Ministério Público (MP) reforçou a equipa que investiga a rede de tráfico de diamantes que envolve militares portugueses na República Centro-Africana. A procuradora que tem o processo não está a conseguir acabar a investigação e teve de pedir ajuda.
A investigação até pode ser de uma enorme importância e exigência, mas é apenas um dos 437 processos que a procuradora tem em mãos. Priscila Ferreira viu-se, por isso, obrigada a escrever à Procuradoria-Geral da República.
No documento, noticiado pelo Expresso e a que a SIC teve acesso, Priscila Ferreira escreve que, pela dimensão e pelo número de intervenientes, o processo apresenta uma enorme complexidade, o que exige um reforço da equipa de investigação.
A hierarquia concordou e desde o fim de fevereiro que uma procuradora especialista em crimes económico-financeiros passou a investigar também o processo que, em 2021, levou a Polícia Judiciária a fazer buscas a militares.
Quem participava da rede de tráfico?
O ex-sargento Paulo Nazaré é, segundo o MP, o líder de uma enorme rede de tráfico de diamantes, ouro, droga, notas falsas e de fraude com criptomoedas.
A alegada rede será composta por mais de 60 pessoas, entre elas militares, agentes da PSP, advogados e funcionários de bancos, além de pelo menos 40 empresas, algumas de fachada para branquear dinheiro.
Uma rede que, a partir da República Centro Africana, terá conseguido transportar diamantes em aviões militares - primeiro para Portugal, para depois serem enviados para a Antuérpia e Bruxelas.
O processo investiga suspeitas de associação criminosa, contrabando, fraude e branqueamento de capitais.
Há pelo menos 46 arguidos, nenhum deles detido, o que retira qualquer prazo para que o processo seja arquivado ou dê origem a uma acusação.