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Médicos que aderiram a dedicação plena no hospital de Viseu sentem-se traídos

Esperavam um aumento salarial com o regime de dedicação plena, mas acabam por perder os benefícios salariais associados ao trabalho no interior do país e ao tempo de carreira. O resultado na folha de ordenado é uma desilusão.

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Há médicos que se sentem traídos pelas últimas negociações salariais. Para ganharem mais, aderiram ao regime de dedicação plena ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas o aumento não está a refletir-se na folha salarial de vários profissionais.

No hospital de Viseu, por exemplo, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) diz que os profissionais de Saúde acabam por ganhar cerca de menos 300 euros por mês e que há seniores no mesmo nível salarial que médicos recém-formados.

A reposição salarial dos médicos, negociada no final do ano passado, devia refletir um acréscimo no ordenado de 12 a 15%, mas para dezenas de médicos o aumento é quase nulo.

“O modelo de progressão de carreira nunca foi aplicado neste hospital de forma correta e como tal, os médicos nunca tiveram possibilidade de progredir, na sua posição, pelo mérito que têm”, lamenta Vítor Almeida, delegado do SIM. “O resultado é que somos colocados na posição 1, como se estivéssemos no início da progressão de carreira, que significa que o aumento salarial no salário base, no caso da vasta maioria dos médicos - cerca de 60 médicos aqui em Viseu, foi de pouco mais de 20 euros.”

A questão é que estes médicos contratados, alguns deles há duas décadas, aceitaram vir para o interior do país porque havia carências nestas especialidades, agora sentem-se traídos.

“Aqui não havia médicos. Estes hospitais estavam completamente vazios de recursos humanos. Estes médicos deixaram as suas famílias para trás, deixaram o conforto do litoral e das suas idas que tinham para vir construir o hospital de Viseu e muitos outros aqui no interior, com salários ligeiramente superiores na altura, para compensar, e neste momento estão com vencimentos praticamente idênticos a médicos com menos 15 anos de experiência.”

O regime de dedicação plena que o governo definiu é agora a única solução para quem procura um aumento, mas em vez de ser de 400 euros é apenas de 100.

“Acabam por ter uma redução salarial para poder aderir ao modelo de dedicação plena, o que se reflete numa redução de quase 300 euros no salário. A dedicação plena acaba por depois compensar parte dessas perdas, mas é absurdo porque o princípio de redução salarial é inaceitável", condena Vítor Almeida.

Em resposta à SIC, a Unidade Local de Saúde de Viseu Dão Lafões garante que não houve qualquer penalização salarial para os médicos que aderiram ao regime de dedicação plena. Trata-se apenas de uma questão formal das tabelas remuneratórias, mas há um incremento remuneratório no preço/hora no trabalho de todos os médicos aderentes ao novo regime.

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