Saúde e Bem-estar

Mutação rara que causa o nanismo poderá também retardar o envelhecimento

Portadores de síndrome de Laron têm menor risco de desenvolver doenças cardiovasculares - têm a pressão arterial mais baixa, reduzida acumulação de gordura arterial e a parede da artéria carótida menos espessa.
Os cientistas Jaime Guevara-Aguirre (atrás à esquerda), Valter Longo (atrás à direita) e vários dos participantes do estudo na Escola de Gerontologia Leonard Davis da USC, em Los Angeles.
Os cientistas Jaime Guevara-Aguirre (atrás à esquerda), Valter Longo (atrás à direita) e vários dos participantes do estudo na Escola de Gerontologia Leonard Davis da USC, em Los Angeles.
Jaime Guevara-Aguirre and Valter Longo

Pessoas com síndrome de Laron, deficiência na hormona de crescimento, apresentam um risco baixo de doenças cardíacas e de outras doenças associadas à idade, revela um novo estudo que sugere a possibilidade de estratégias para novos tratamentos.

Uma forma rara de nanismoque afeta apenas 400–500 pessoas em todo o mundo despertou o interesse de cientistas que estudam o envelhecimento e as doenças metabólicas. Isto porque uma série de estudos associaram a doença a uma série de efeitos positivos para a saúde, incluindo proteção contra diabetes, cancroe declínio cognitivo.

Em experiências realizadas com ratinhos de laboratório, os que tinham uma condição semelhante viveram cerca de 40% mais do que os animais de controlo.

O novo estudo publicado no site Med mostra que portadores de síndrome de Laron têm menor risco de desenvolver doenças cardiovasculares - têm a pressão arterial mais baixa, reduzida acumulação de gordura arterial e a parede da artéria carótida menos espessa do que quem não têm a síndrome.

“De certa forma, este foi o mais importante de todos os estudos. Foi a última peça que faltava para mostrar que parecem estar protegidos de todas as principais doenças relacionadas com a idade”, diz o coautor do estudo Valter Longo, biogerontologista da Universidade do Sul da Califórnia, citado pela Nature.

Estudar os detalhes da síndrome pode inspirar o desenvolvimento de medicamentos ou dietas com efeitos protetores semelhantes, salienta o especialista.

Do Equador para o mundo

O estudo agora publicado é o mais recente resultado de uma colaboração internacional de quase 20 anos entre Valter Longo, professor de gerontologia da Escola de Gerontologia Leonard Davis da USC, e o endocrinologista Jaime Guevara-Aguirre da Universidad San Francisco de Quito, Equador.

O estudo envolveu 24 pessoas com síndrome de Laron e 27 dos seus parentes, todos do Equador, onde vive cerca de um terço de todas as pessoas com esta doença no mundo, diz Jaime Guevara-Aguirre, que acompanha este grupo de pessoas há mais de 30 anos, desde que identificou um conjunto de casos em locais isolados da Cordilheira dos Andes.

Os investigadores realizaram uma série de testes que mostraram que as pessoas com síndrome de Laron tinham níveis de risco normais e até menores de doenças cardiovasculares em comparação com os seus familiares sem a doença. Revelaram também ter um risco baixo de cancro e diabetes tipo 2, além de terem tido melhor desempenho em testes de cognição e memória.



Últimas notícias
Mais Vistos
Mais Vistos do