As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em Portugal e na "globalidade dos países ocidentais". O enfarte agudo do miocárdio, também conhecido por ataque cardíaco, e o acidente vascular cerebral (AVC) são as mais frequentes, justificando a elevada mortalidade. Em caso de enfarte, quanto mais cedo o doente receber tratamento menos gravosas serão as consequências. Para os sobreviventes, os cuidados devem manter-se para o resto da vida. Mas que cuidados são esses? É o que lhe explicamos neste Dia Mundial do Coração, que se assinala a 29 de setembro.
O coração bate cerca de 100 mil vezes e bombeia até 7.500 litros de sangue todos os dias, de acordo com a Federação Mundial do Coração (World Heart Federation). Tem apenas o tamanho de um punho, mas é o músculo que mais trabalha. O órgão muscular bombeia sangue, transportando oxigénio e nutrientes para todas as partes do corpo.
Está a ter um enfarte agudo do miocárdio? Todos os segundos contam. A sua vida está em risco. Quanto mais cedo o doente receber tratamento, menos músculo cardíaco se vai perder e menor será o risco de sequelas.
"O mecanismo comum subjacente" ao enfarte e ao AVC é a "deposição de gordura associada a inflamação na parede das artérias, levando à sua obstrução, a denominada aterosclerose", refere Carlos Galvão Braga, cardiologista de intervenção e membro da Comissão Científica da campanha “Cada Segundo Conta”, em comunicado.
Entre as mortes por doenças cardiovasculares, 85% são causadas por enfarte do miocárdio e AVC.
O enfarte agudo do miocárdio acontece quando há uma "obstrução completa de uma das artérias coronárias" devido a uma "rotura súbita" de uma placa de aterosclerose e formação de um "coágulo sanguíneo à sua superfície", esclarece o médico.
A maioria dos fatores de risco associados à aterosclerose estão relacionados com um estilo de vida pouco saudável, que resultaram, por exemplo, em hipertensão arterial, diabetes, colesterol elevado e obesidade.
Se a tensão arterial está elevada, o colesterol também e se olhar para a balança e vir que tem excesso de peso e está a entrar na pré-obesidade ou obesidade, são sinais de que tem de mudar hábitos de vida.
Estilo de vida tem de ser mudado (para o resto da vida)
Por outro lado, a prevenção para que não aconteça um novo enfarte agudo do miocárdio deve começar ainda durante o internamento no hospital e deve manter-se para o resto da vida.
Para os doentes fumadores, há uma "necessidade imperiosa" de deixar de fumar, aponta o cardiologista. Quem consegue "largar o tabaco" tem uma mortalidade 36% inferior a quem continua a fumar.
A adoção de uma dieta saudável (é recomendado que seja mediterrânica ou similar) e a redução de peso em pessoas com índice de massa corporal superior a 25 Kg/m2 são também medidas fundamentais, sugere Carlos Galvão Braga.
Estas pessoas devem ainda praticar exercício físico de acordo com um programa de reabilitação cardíaca e "vigiar e controlar" os valores de pressão arterial.
"É crucial cumprir escrupulosamente a medicação de acordo com as indicações médicas", alerta o membro da Comissão Científica da Campanha Cada Segundo Conta.
Quais são os sintomas de um enfarte do miocárdio?
Os sintomas mais comuns são a dor no peito, que se pode estender para o braço esquerdo, costas ou pescoço. A dor pode também ser acompanhada por suores, náuseas, vómitos, falta de ar ou agitação.
Uma conversa incoerente, com o lábio descaído e sem articular bem as palavras, é também um dos sintomas, tinha adiantado, em entrevista à SIC Notícias o médico Luís Negrão.
"É uma sensação de pressão, de queimadura. A pessoa não sabe especificar, mas não se sente bem. Às vezes o suor é um pouco intenso", acrescenta.
Perante estes sintomas, é importante "atuar precocemente". O 112 deve ser contactado "imediatamente".
"É através do socorro pré-hospitalar que se assegura a orientação mais segura, rápida e eficaz dos utentes para um hospital adequado", afirma o especialista em cardiologia de intervenção Carlos Galvão Braga.
Cada Segundo Conta
A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC), uma entidade sem fins lucrativos, está a desenvolver a campanha "Cada Segundo Conta", uma iniciativa para dar a conhecer os sintomas do enfarte agudo do miocárdio e alertar para a importância do diagnóstico e tratamento precoces.
O Dia Mundial do Coração, que se assinala a 29 de setembro, foi criado pela Federação Mundial do Coração (World Heart Federation).