Perante a problemática amplamente noticiada sobre a afluência às urgências hospitalares, a SIC foi conhecer a resposta que é dada nos cuidados primários na região do Porto.
A consulta aberta no Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Porto Oriental funciona das 8:00 às 20:00 e dá resposta aos casos de doença aguda. Serve 120 mil utentes. Mesmo quem não tem médico de família pode recorrer a este serviço, desde que seja da área de residência. Ao fim de semana e feriados, o atendimento complementar é centralizado na Unidade do Covelo e funciona entre as 9:00 e as 16:00.
Na USF de Arca D'Água, a utente Maria José Dias relata que se dirigiu ao centro de saúde às 8:30 para ser vista por um médico na consulta aberta e que conseguiu vaga na mesma manhã.
Metade das consultas neste ACES são marcadas no próprio dia, o que significa que os utentes obtêm resposta em tempo úti. Em média, são feitos 35 atendimentos diárias neste regime, em complemento à consulta programada.
75% dos utentes que chegam às urgências hospitalares vão sem contactarem o médico de famíla ou a linha saúde 24. Mas quem trabalha nos centros de saúde, recusa a ideia de que não há capacidade de resposta ou que os utentes não confiam nos cuidados primários.
Álvaro Pereira, diretor executivo do ACES Porto Oriental, diz que a sobrelotação das urgências é uma questão multifatorial, que começa no facto de na sociedade prevalecer uma "cultura hospitalocêntrica".
Felicidade Malheira, coordenadora da USF Arca D´Àgua, acrescenta que, por vezes, os utentes procuram a urgência por terem acesso a meios complementares de diagnóstico que não encontram nos centros de saúde.
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