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Sopa de casamento é uma especialidade em Miranda do Corvo

O restaurante Museu da Chanfana, em Miranda do Corvo, assume-se como o guardião do receituário regional. A "Chanfana” e a "Sopa de casamento” são motivo de romaria constante. A equipa do Boa Cama Boa Mesa está a percorrer o país para selecionar hotéis e restaurantes que vão integrar o guia anual, a publicar em abril de 2024. Até lá, fique a conhecer algumas das sugestões que justificam a viagem.

Sopa de casamento é uma especialidade em Miranda do Corvo

Reza a história que a confeção da “Chanfana” é originária de Miranda do Corvo, associada ao Convento Beneditino de Semide, criada no final do século XIX, encontrando-se disseminada, particularmente, pela região das Beiras, mas não é pacífica esta afirmação. Miranda do Corvo assume-se como Capital da Chanfana, a vizinha localidade de Vila Nova de Poiares apresenta-se como Capital Universal da Chanfana. As diferenças entre a confeção, numa ou noutra localidade, são mínimas, e dão origem a outro prato, mais raro, quase caído no esquecimento, que leva o nome de “Sopa de casamento”.

Chanfana

A tradição recorda que cabia aos noivos oferecerem o almoço aos convidados, no dia a seguir ao enlace. Como não haveria carne suficiente, fazia-se uma sopa, quase sólida, que usava o que sobrava do caldo e da carne da “Chanfana” servida no casamento. Para a preparar, a receita para quatro pessoas, indica 2 kg de carne de cabra velha, 5 dl de vinho tinto, 1 dl de aguardente, 1 molho de alecrim, 8 dentes de alho, 1 cebola grande, cravinho, salsa, 3 folhas de louro, sal, pimenta e 1 dl de azeite.

O trabalho de confeção começa sempre na véspera de ser servida a “Chanfana". Corta-se a cabra aos pedaços, ficando em vinha-d’alhos, uma mistura de vinho tinto, alho e sal, pelo menos durante 24 horas. Só depois se coloca o recipiente de barro ao lume com a cebola a alourar, juntando-se-lhe a carne de cabra e a vinha-d’alhos, o cravinho, o louro e o alecrim e deixa-se ferver. A meio da cozedura deita-se um copo de aguardente, tapa-se o recipiente, ficando a ferver até estar meio-cozinhada e terem desaparecido os aromas da aguardente e do vinho. Deve ficar tapada cerca de 5 a 6 horas, antes de chegar à mesa com batata cozida e um pouco de salsa.

Sopa do Casamento

Com as sobras, surge então a famosa “Sopa de Casamento”, que tem como ingredientes couve lombarda ou troncha, sobras de pão, molho e sobras da “Chanfana”. Primeiro, são cozidas as couves, dispostas, após prontas, em camadas numa caçoila de barro. Segue-se o pão e repete-se o processo até utilizar todas as couves. No final, cobre-se com o molho da “Chanfana”, com os restos da carne e leva-se ao forno para apurar e tostar um pouco.

Museu da Chanfana

São várias as centenas de doses que, mensalmente, o restaurante Museu da Chanfana (Parque Biológico da Serra da Lousã, Miranda do Corvo. Tel. 915361527) serve, seja da “Sopa de Casamento” (€5), seja de “Chanfana” (€18). Mas, na ementa, há outras propostas, igualmente regionais como o “Cabrito assado, arroz carolino do Baixo Mondego de forno” (€21), o “Estufado de perna de javali, espargos e cogumelos” (€18) ou o “Bife da vazia, queijo do Rabaçal, mil-folhas de batata e lombo de porco fumado” (€22). Do mar, o “Lombo de bacalhau e seu colagénio, meia desfeita de grão, couve penca” (€17,50) e o “Polvo assado, espuma de azeite, cogumelos selvagens” (€19).

Para terminar a refeição, a equipa do restaurante sugere a “Nabada de Semide e amêndoa” (€6). O Museu da Chanfana funciona todos os dias, das 12h30 às 15h00 e das 19h30 às 22h00.

Museu da Chanfana
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