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Ministério da Segurança Social analisa negócio feito pelo Governo PS um dia após as eleições

Em causa está a compra de um edifício, no valor de mais de 1 milhão de euros, na Guarda. O contrato-promessa de compra e venda terá sido assinado antes da formalização da decisão.

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O Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social está a analisar a validade de um negócio feito ainda sob a tutela da anterior ministra. Trata-se da compra de uma sede para o Centro para a Economia e Inovação Social (CEIS), por 1,2 milhões de euros. O negócio aconteceu no dia a seguir às eleições de 10 de março.

Se não for travado, o CEIS da Guarda passa a ficar sediado no rés do chão do edifício, na Avenida Rainha D. Amélia, perto do hospital da cidade.

Segundo o vendedor, o contrato-promessa entre o centro e o vendedor foi assinado primeiro, e só depois é que o conselho de administração aprovou a decisão - precisamente um dia após as eleições legislativas.

Um documento a que a SIC teve acesso mostra que o assunto da aquisição do imóvel foi agendada para uma reunião no dia 11 de março, depois das eleições que ditaram a viragem à direita.

O contrato-promessa de compra e venda no valor de 1,2 milhões de euros foi, portanto, anterior à decisão formal de deixar as atuais instalações, no edifício da Segurança Social na Guarda, e logo nas 24 horas seguintes à derrota do governo socialista.

Já tinha havido obras

O Centro para a Economia e Inovação Social tem como missão formar profissionais das instituições particulares de solidariedade social e, logo à nascença, em abril do ano de 2023, ocupou o andar que acolheu a extinta Secretaria de Estado da Ação Social. Tinha sido alvo de requalificação em 2021, com obras no valor aproximado de 340 mil euros.

Mas, afinal, não foi suficiente. O CEIS vai mudar de casa, mal seja efetuada a escritura de compra e venda. O vendedor do imóvel revelou à SIC que está agendada para esta terça-feira, em Lisboa, no balcão "Casa Pronta”.

Questionado sobre o caso, o presidente do CEIS confirma a data da decisão de compra, mas diz que em janeiro só houve a aceitação da proposta e que o contrato-promessa é de data posterior.

"Foi realizada uma consulta prévia ao mercado(...). Escolhemos as instalações que cumpriam os critérios necessários (...). O CEIS tem como objetivo capacitar 13 mil pessoas até 202 5(...), atualmente tem mais de 3 centenas de formandos em formato presencial, havendo necessidade de alugar espaços", afirma o presidente do CEIS, justificando a importância do negócio.

Decisão dividiu PS

A compra do imóvel chegou a ser discutida em reuniões do Partido Socialista, com um setor a defender a aquisição parcial do Instituto de São Miguel, uma fundação particular de solidariedade social, nas mãos da Igreja, que tem vindo a definhar desde que foram suspensos os acordos do Estado com o ensino privado.

Alguns socialistas entendiam que assim se ajudava a instituição e o dinheiro ficava na chamada economia social. Mas a hipótese não vingou.

O Centro para a Economia e Inovação Social da Guarda é um dos 20 centros para formação de gestão participada associados ao Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) que têm autonomia financeira e administrativa.

O CEIS, com sede na Guarda por obra da anterior ministra Ana Mendes Godinho, tem mais de 10 milhões de euros para formação e 1,4 milhões de euros para a aquisição de imóveis.

A SIC sabe que a atual ministra da Segurança Social, Rosário Palma Ramalho, está a analisar o negócio, mas ainda não se pronunciou. A antecessora, Ana Mendes Godinho, não respondeu aos contactos feitos pela SIC.

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